Por Marcos Antônio GuimarãesSe houver consenso entre as afirmações que dizem que a verdade e a moral foram substituídas pelo engano e pelo relativismo, estamos, então, diante de um problema estrutural que desafia educadores, líderes e todos aqueles que ainda acreditam na verdade absoluta revelada por Deus nas Escrituras Sagradas.Temos um cenário moldado pelo pensamento pós-moderno em todas as suas esferas. E suas implicações podem ser detectadas principalmente na religião, na política, na educação e na ética. Para o pós-modernismo, “a única verdade é que não existe verdade”, segundo o escritor colombiano Daniel Salinas.A narrativa de outro autor nos ajudar a compreender melhor o contexto da pós-modernidade: “Enquanto a modernidade é um manifesto à auto-suficiência humana e à autogratificação, o pós-modernismo é uma confissão de modéstia e, até mesmo, de desesperança. Não há verdade. Há apenas verdades. Não há razão suprema. Só existem razões. Não há uma civilização privilegiada, e muito menos cultura, crença, norma e estilo. Existe somente uma multidão de culturas, de crenças, de normas e de estilos. Não há justiça universal. Existem apenas interesses de grupos. Não há uma grande narrativa do progresso humano. Existem apenas histórias incontáveis, nas quais as culturas e os povos se encontram hoje. Não existe realidade simples, e muito menos a realidade de um conhecimento universal e objetivo. O que existe, de fato, é apenas uma incessante representação de todas as coisas em função de todas as outras”.Diante desse quadro, não podemos, de forma alguma, ignorar o que está acontecendo à nossa volta, como se não pudéssemos enxergar ou, pior ainda, como se não estivéssemos interessados em enxergar, simplesmente por acharmos que não seremos atingidos por essa avalanche de pensamentos. Mas não é bem assim. Muito pelo contrário. Quando observamos os conteúdos didáticos do ensino fundamental ao acadêmico, conseguimos identificar sim as abordagens sobre os conceitos relativistas e desconstrutivos relacionados aos temas fundamentais da estrutura de uma sociedade, tais como: família, religião e ética.Identificamos nos livros didáticos baseados no pensamento pós-moderno idéias que propagam reverência à “mãe Natureza” e ainda propõem o fim das diferenças religiosas, morais e éticas, sob a égide do pluralismo e do multiculturalismo. O pluralismo outorga a todas as religiões o mesmo valor soteriológico, moral e espiritual, ressaltando que nenhuma cultura pode ser considerada melhor do que qualquer outra. É justamente esse o ambiente que está formando as novas gerações.Segundo o escritor Charles Colson, “a maneira como vemos o mundo pode mudar o mundo. Como isso pode acontecer? Quando o cristão se compromete a viver sua fé”. Diante disso, devemos encarar a nossa fé com seriedade e compromisso, sem ignorar que o ser humano é um ser pensante e necessita de respostas. E a única maneira que temos de fornecer respostas que atendam às mais profundas necessidades do ser humano é mediante a verdade absoluta revelada por Deus nas Escrituras Sagradas. Portanto, o desafio está diante de nós, de todos nós, e, principalmente, dos líderes e educadores cristãos.É tempo de tocar a trombeta em Sião, de alertar sobre os perigos iminentes, antes que seja tarde demais. Não podemos nos sentir satisfeitos com discursos improvisados, simplistas, sem conteúdo. É necessário que haja dedicação e renúncia, para que o povo de Deus se faça mais sábio e preparado para enfrentar um mundo que se transforma a cada dia. O que nos remete à reflexão do escritor Samuel Escobar, com a qual finalizamos este artigo:“Estamos entrando numa época bem diferente daquela que chamamos de ‘tempos modernos’. Nessa época denominada ‘pós-moderna’, temos a obrigação e o dever, como servos de Deus, de anunciar e viver a fé cristã. Fé esta que tem sobrevivido por vinte séculos, que tem passado de uma cultura para outra. A fé que, há muito, deixou de pertencer somente aos europeus, pois se espalhou por todo o planeta. Se agirmos dessa maneira, o cristianismo deste século será um cristianismo diferente, porque será múltiplo e global. A pessoa central desse cristianismo será o nosso Senhor Jesus Cristo, cuja memória e presença tiveram a capacidade de transcender a todas as culturas. E continuará sendo assim. Essa é a nossa firme esperança”