O Fator Livre-arbítrio em Relação à Salvação do Homem (Parte 1)

22:07:00

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Motivei-me a desenvolver este artigo, principalmente, por perceber que existe muito radicalismo por parte de uns e um pensamento distorcido acerca do amor divino por parte de outros em relação a esse tema polêmico tratado pela soteriologia, uns se denominam arminianos, outros calvinistas e parece até que posso ver diante de meus olhos algo muito parecido acontecer na igreja de Corinto (1 Co 3.1ss). É comum ouvirmos alguém dizer: “Calvino estava com a razão”, no mesmo instante um defensor inveterado de Armínio responde: “Que nada! Armínio é que estava certo!”. Será que a Bíblia já perdeu a sua suprema autoridade sobre nós? Afinal, quem está certo é Calvino, Armínio ou a Bíblia Sagrada?!

Antes de mostrar o que a Bíblia diz, quero mostrar os cinco pontos principais do calvinismo e do arminianismo e quero informar que apesar de me mostrar mais voltado ao pensamento arminiano, não me considero um defensor desse pensamento, pois encontro falhas nele, assim como encontro no calvinismo. Como já dei a entender, a Bíblia Sagrada é minha única fonte de verdade infalível e inerrante para o desenvolvimento desse artigo.

Calvinismo:

1 - Depravação Total: O estado de morte espiritual do homem o impossibilita de escolher a salvação;
2 - Eleição Incondicional: Deus elegeu para si alguns dentre todos os homens sem levar em conta seus méritos, boas obras ou fé;
3 - Expiação Limitada: O sacrifício de Jesus serviu para salvar apenas os eleitos;
4 - Graça Irresistível: A vontade do homem não influi na sua salvação, todos os que Deus eleger serão convencidos pelo Espírito Santo a aceitar a fé salvadora;
5 - Perseverança dos Santos: Uma vez salvo, salvo para sempre, portanto, não é possível alguém ser realmente salvo e perder a salvação.

Arminianismo:

1 - Livre Arbítrio: Embora o homem seja pecador, ele tem a capacidade de escolher a salvação oferecida por Deus;
2 - Eleição Condicional: Deus elegeu os homens através de sua pré-ciência, ou seja, ele sabe quais os homens quem corresponderão ao seu chamado;
3 - Expiação Ilimitada: Cristo morreu por todos os homens e não somente por alguns eleitos;
4 - Graça Resistível: Os homens podem resistir à graça de Divina escolhendo o pecado e não a salvação;
5 – Decair da Graça: Qualquer salvo pode, no decorrer de sua vida, perder a sua salvação se não perseverar até o fim.

Não tenho a intenção de tratar de cada ponto das duas correntes, quero me focar no que a Bíblia Sagrada diz a respeito do livre-arbítrio do homem, afinal, era assim que se fazia em Beréia (At 17.11). Vale salientar também que a posição de qualquer que seja o pregador ou a igreja, por mais sério ou séria que possa ser, não pesa mais do que a Palavra de Deus nessa balança (Ef 2.20).

O homem tem a capacidade de escolher entre o bem e o mal?

De acordo com a minha Bíblia, sim. Seria difícil de acreditar que Deus sendo justo, condenaria alguém à perdição eterna por ter feito algo que não poderia evitar, por um caminho que não escolhera por si só (Gn 18.25; Dt 32.4; 1 Jo 3.7). Você lembra-se do que Deus falou ao povo de Israel por intermédio de Moisés pouco antes do mesmo morrer? Deus fez uma lista de bênçãos que o povo de Israel receberia se fosse fiel a ele e uma lista de maldições que os mesmos receberiam se lhe desobedecessem, e no final da profecia ele diz: “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, Amando ao SENHOR teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e achegando-te a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; para que fiques na terra que o SENHOR jurou a teus pais, a Abraão, a Isaque, e a Jacó, que lhes havia de dar.” (Dt 30.19,20 - Grifo meu). Ora, Deus fala a Israel que eles deveriam escolher se queriam o Senhor ou os ídolos, a vida ou a morte, e depois lhes diz que deveriam “dar ouvidos à sua voz e achegar-se a ele” e ainda vem alguém se apoderando de versículos fora de contexto para tentar provar que o homem não tem capacidade de escolha em se tratando da salvação! Porém não posse deixar de falar que o Espírito Santo tem um papel fundamental e indispensável nessa decisão do homem, a Bíblia diz: “E, quando ele [O Consolador] vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.” (Jo 16.8), e diz mais: “Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.” (1 Co 12.3). Acredito que estes versículos postos em contraste com Dt 30.19 dão um nó na cabeça de alguns, mas não há contradição, o que nós percebemos ao lê-los é que Deus capacita-nos a crer nele ao falar conosco por intermédio de sua Palavra (Rm 10.17), mas nós ainda assim, participamos com nosso desejo de salvação, com nossa entrega, com nossa renúncia, com nosso compromisso com ele. É Deus quem toma a iniciativa, afinal, ninguém pode chegar-se a Deus por seus próprios esforços, Deus se revelou ao mundo por seu Filho Jesus Cristo, ele estendeu a sua mão, mas nós não somos obrigados a segurá-la para sairmos da lama chamada pecado, pelo contrário, somos chamados por ele, mas nem todos ouvem sua voz: “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Não endureçais os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no deserto.” (Hb 7,8 - Grifo meu).

Um episódio interessante das Escrituras foi a repreensão que Jesus deu aos escribas e fariseus: “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.” (Mt 23.13 - Grifo meu). Agora reflita, se o reino dos céus pode ser fechado por alguém que o anuncia erroneamente de forma que os que são enganados são impedidos de entrar nele, então como pode haver eleição individual para salvação? Desse modo, nada poderia impedir um eleito de ser salvo, nem mesmo um fariseu ensinando meios humanamente impraticáveis de se chegar a Deus! Porém Jesus fala de forma clara que os fariseus estavam impedindo que muitos entrassem no reino dos céus. Isso mostra que para sermos salvos precisamos ser alcançados por Deus ao ouvir o verdadeiro e puro Evangelho. Essa passagem demonstra claramente um desejo, por parte dos prosélitos, de servir ao Deus verdadeiro, mas ainda não o haviam encontrado (ler Rm 10.14-18).

Outro texto interessante sobre o assunto em questão é este: “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” (Gn 4.7). Veja só, o Senhor, depois de o homem ter caído, diz a Caim que ele deveria dominar os seus desejos fazendo uma escolha entre o bem e o mal, por que ele diria isso a Caim se o mesmo não tivesse a capacidade de escolher entre o bem e o mal? Essa é a resposta que nenhum dos que defendem essa idéia jamais me respondeu, nem o podem fazer. Agora veja o que o próprio Deus fala de Israel quando o mesmo vivia em apostasia: “O que imola um boi é como o que comete homicídio; o que sacrifica um cordeiro, como o que quebra o pescoço a um cão; o que oferece uma oblação, como o que oferece sangue de porco; o que queima incenso, como o que bendiz a um ídolo. Como estes escolheram os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas suas abominações, assim eu lhes escolherei o infortúnio e farei vir sobre eles o que eles temem; porque clamei, e ninguém respondeu, falei, e não escutaram; mas fizeram o que era mau perante mim e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.” (Is 66.3,4 - Grifo meu). Diante deste texto há o que argumentar? Se o próprio Deus disse que o homem peca porque escolheu o pecado, então eu prefiro crer assim.

Jesus deixou uma ordem clara à sua Igreja: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc 16.15) e um convite a todos que ouvem sua Palavra: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Ap 22.17 - Grifo meu).
Continua...
Na próxima parte dessa série de artigos eu tratarei a fundo, e humildemente, da Doutrina da Eleição.

Bibliografia:

[1]Ciro Sanches Zibordi. Calvinismo ou Arminianismo? (4). Disponível em:
http://cirozibordi.blogspot.com/2007/05/uma-vez-salvo-salvo-para-sempre-parte_24.html. Acesso em 30 de Junho de 2008.
[2]Jorge Pinheiro. A Doutrina da Eleição. Disponível em:
http://www.teologica.br/theo_new/files/DoutrinaEleicaoJorgePinheiro.pdf.
Acesso em 1 de Julho de 2008.

Luciano

Equilíbrio, um fator decisivo para o serviço cristão (Parte 3)

22:03:00

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O perigo do liberalismo.

Chegamos a um ponto muito importante dessa série de artigos sobre equilíbrio que não acaba aqui já que esse é um assunto muito amplo. Falarei agora sobre a chamada onda do "não tem nada a ver!". Por favor, não me chamem de saudosista, eu entendo que não podemos viver do passado e sei que ainda existam sete mil que não se prostraram diante de Baal (1 Rs 19.18), mas já perceberam o quanto a igreja perdeu em qualidade?! Não possuíamos tantos seminários teológicos como hoje, mas o fogo do Espírito Santo ardia nos corações dos crentes de uma forma que não se percebe tão facilmente nos crentes atuais. Como é bom estudar Teologia! Mas como é melhor ainda desfrutar de íntima comunhão com Deus, pois sabemos que não conhecemos tudo ainda (1 Co 13.9-12), mas temos um Deus que é tudo de necessário para uma vida feliz de verdade! Percebeu o fator equilíbrio nesse comentário? Precisamos estudar a Palavra, mas precisamos também orar e jejuar, precisamos viver o sobrenatural do Evangelho, pois Jesus Cristo salva, cura, liberta, batiza com o Espírito Santo e faz muito mais do que pedimos, pensamos e esperamos (Ef 3.20). Estamos nos intelectualizando, mas também estamos perdendo o melhor que há no Evangelho, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). Terminando o raciocínio, estudar Teologia é bom, melhor ainda é falar em línguas estranhas, operar milagres e maravilhas, expulsar demônios e tudo mais que a Bíblia promete para hoje é melhor ainda, os dois se completam, conhecer e não viver essa verdade é hipocrisia, tentar viver sem conhecer leva-nos ao fanatismo, portanto, vivamos em equilíbrio! Mas porque será que é tão raro hoje vivermos esse evangelho de poder? Não será porque perdemos algo de bom que tínhamos no passado? Como diz minha amada avó: "Tem gente que quando não é oito é oitenta!". Proibíamos tudo, agora estamos liberando tudo. Antes crente não ia à praia, pois seria disciplinado, hoje tem “crente” que não tem vergonha de desfilar na praia quase que totalmente nu, qual a desculpa? “Todo mundo vai à praia desse jeito”, é, mas a Bíblia diz que devemos ser santos em toda a nossa maneira de viver (1 Pe 1.15), isso inclui a maneira como nos vestimos quando vamos à praia, não acha? Acho que alguém vai ler esse comentário e vai exclamar: “Que papo careta!”, é, eu sei, que pena (ou que ótimo?!) que a Bíblia é assim.

A onda agora é ser redondo e tem até pastor (pastor?!) distribuindo preservativos para os jovens com a desculpa de que “é melhor não fazer, mas se fizer, faça com segurança”. “Bons tempos” esses, em que há crentes que não sabem distinguir entre a hora de jogar futebol e a hora de ir ao templo para aprender mais de Deus, adorá-lo e ser usado por Ele através de seus dons! “Bons tempos” esses em que a dança, seja ela “espiritual” ou carnal mesmo, se tornou a hora mais importante do culto, com direito a assobio e tudo mais enquanto que a Palavra tem seus dez minutos com uma pequena pausa para uma piadinha descontraída que faz os crentes rirem, talvez da própria desgraça (Ap 3.17)! Não sou um moralista irmãos (é errado ser moralista?) estou apenas procurando ser o mais bíblico possível.

Bom, não estou aqui aqui para apontar erros, se o fizesse não acabaria nunca de escrever, quero apenas alertá-los de que o reino de Deus é coisa séria, somos, ou pelo menos deveríamos ser, o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5.13-16) e não dá pra brincarmos de ser crentes! Deus quer levantar uma igreja influenciadora e não uma que é influenciada; Uma igreja que arrebenta as portas do inferno e não uma que escancara as suas portas para o mesmo (Mt 16.18). Precisamos ser menos golpel e mais crentes, crentes no sentido bíblico e não nesse sentido vulgar que se adotou de uns tempos para cá. Limites são imprescindíveis para a saúde espiritual de uma igreja, proibições são necessárias, desde que fique bem claro que o que salva não é a obediência a regras, mas sim a graça de Cristo que nos ensinou a carregarmos uma cruz e que deveríamos tomar sobre nós o seu jugo que é suave e seu fardo que é leve, mas que continuam sendo um jugo e um fardo, ou seja, uma vida limitada pela vontade do Senhor, pois somos os seus servos (Mt 10.38; 11.29,30) e uma vida de luta e muitas vezes de dor, pois os servos do senhor passam por asflições (Jo 16.33).

Irmãos, devemos voltar às nossas raízes, mas sem cometermos os erros do passado, não precisamos de revolução, precisamos de renovação, precisamos voltar à primeira caridade (Ap 2.4,19), sendo crentes equilibrados tenho certeza que Deus continuará operando poderosamente em nossa vida!

Na próxima postagem falarei sobro o equilíbrio no uso dos dons do Espírito.

Clébio Lima de Freitas
Fortaleza, Ceará, Brazil
Servo do Senhor Jesus e anunciador de Sua Palavra. Bacharelando em Ciência da Computação e Teologia. Membro da Assembléia de Deus Templo Central no Bairro do Itapery - Fortaleza/CE.

Luciano