Como era de se esperar, Barack Hussein Obama, ungido "Messias" pela imprensa internacional e por 10 em cada 10 pensadores liberais, foi eleito esta semana presidente dos Estados Unidos da América, provocando o júbilo efusivo de milhões de liberais em todo o mundo. Nunca uma eleição para presidente dos EUA foi tão celebrada pela imprensa internacional como esta. Não precisamos ir longe. Só como amostra, vejamos, por exemplo, algumas manchetes e editoriais das principais mídias impressas do Brasil.
Jornal O Globo: "Mundo celebra a nova cara dos EUA" (manchete), "A mudança chegou" (título do caderno especial) e "Momento mágico" (editorial). Um outro periódico do Rio, o jornal Extra, ligado ao grupo Globo, estampou em sua capa os dizeres: "Oba!!!ma".
No jornal Folha de São Paulo: "Vitória histórica de Obama afasta conservadores e derrota racismo" (sic). É isso mesmo que você leu. Essa foi a manchete do jornal. Numa só frase, a síntese de três idéias absurdas: (1) conservadores são maus; (2) conservadores são sinônimo de racismo (já desfizemos essa falácia na postagem do dia 5 de outubro); e (3) a crença idiota de que os EUA viviam até hoje sob um regime parecido com o apartheid, sendo Obama o novo Nelson Mandela. Só ingênuos e preconceituosos caem nessa falácia. Ora, o racismo já foi vencido nos EUA há muito tempo, só existindo ainda ali entre uma minoria ínfima e marginalizada de excêntricos, doentes sociais. Não foi Obama que derrotou o racismo. Afirmar o contrário é forçar uma grotesca mentira.
Numa frase: Não foi a vitória de Obama que derrotou o racismo; o racismo é que já fora derrotado há muito tempo, por isso um Obama pôde ser eleito (e mesmo sob fortes acusações, que só não tiraram sua vitória por fatores que ainda mencionaremos). Os 46% de americanos que não votaram em Obama não o fizeram pela cor da pele, mas por outras razões (e fortes!) já frisadas neste blog. Fazer desses 46% racistas é de uma estupidez sem tamanho.
Que é significativo um negro (ou mestiço, como queiram) ter sido eleito presidente de um país que, num passado recente, sofria com forte racismo, isso é verdade. Por esse ângulo específico, de ser mais uma demonstração ao mundo de uma mudança que já ocorreu há tempos no país, a vitória de Obama é positiva. O que é ignorância é vê-la como uma vitória dos anti-racistas sobre os racistas. Isso, sim, é que é uma estupidez.
Nos EUA, só quem usou o discurso de voto racial nessas eleições foram os militantes de movimentos negros (Louis Farrakhan, Jesse Jackson, Jeremiah Wright, os rappers etc). Somente. Mas, boa parte da mídia daqui e de outros lugares do mundo comprou esse discurso; e ainda agora, às vezes, ela age quase como se fosse o voto desses movimentos que tivesse elegido o novo presidente. Nesse caso, a lógica é pior ainda. Todos os eleitores negros daquele país representam só 13% da população. Não há como alguém ser eleito só com os votos deles. Foram mais de 40% dos brancos dos EUA que elegeram Obama. Logo, que racismo é esse?
Ainda na Folha: "Vitória de Barack Obama detém hegemonia conservadora dos EUA" (título do caderno especial). Nos artigos e matérias, vê-se a tese implícita (e às vezes explícita) de que a vitória de Obama é boa porque representa uma vitória sobre essa espécie de "cancro" da sociedade ocidental, que insiste ainda em viver, chamada conservadores. Agora a situação estaria melhor, dizem, porque foi eleito, conforme ressalta a própria Folha, um candidato "liberal e progressista" que está, inclusive, "mais à esquerda" até mesmo "dentro de seu próprio partido". Ah, há também, na capa de Folha, uma foto de um cartaz em Roma com a foto de Obama e o título em letras garrafais: "O mundo mudou".
E só para dizer que não citei uma revista semanal, menciono a revista
Época de 4 de novembro, última edição antes do pleito. Na capa, a chamada é
"Por que o mundo quer Obama". Ela traz o seguinte subtítulo:
"O que o primeiro negro a um passo da Casa Branca representa para a economia global, para o futuro do planeta e para a sua vida". Dentro da revista, o título
"A História quer Obama" e um artigo do antiteísta Christopher Hitchens para
Época com o título
"A guerra de Sarah Palin contra a ciência" e com a declaração:
"O Partido Republicano deixou a Casa Branca ao alcance de uma fanática religiosa e ignorante". Para "variar", pior do que Hitchens, só Arnaldo Jabor. Leia aqui:
http://www.midiasemmascara.org/?p=392Bem, estou só mencionado alguns dentre inúmeros casos. Quem tem acompanhado os telejornais e lido a chamada Grande Imprensa tem visto o frenesi apaixonado e febril da mídia pela vitória de Obama, bulício este analisado com discernimento pela jornalista britânica Melanie Phillips em sua coluna de hoje na quase bicentenária revista
The Spectator (
http://www.spectator.co.uk/melaniephillips/2576106/freedom-now-stands-alone.thtml). Nela, Phillips ressalta que a mídia e a
entourage intelectual de nossos dias está em verdadeiro êxtase e frenesi porque Obama representa aquela mudança pregada pelos promotores da "guerra cultural" por que passa o Ocidente e da qual esse grupo faz parte. Por isso, para a analista britânica, a forma como se deu a vitória de Obama, um defensor de valores sociais liberais, alguém que esposa a agenda da chamada "esquerda chique", e num país como os EUA, onde ainda há um forte conservadorismo, é sinal de que o Ocidente está perdendo. Sim, já que, uma vez que o Ocidente foi construído sobre os valores judaico-cristãos, perder esses valores é decaracterizar o Ocidente. Melanie Phillips está absolutamente certa.
"E Obama não é cristão?" Não cristão no sentido das Sagradas Escrituras. Ele é um "cristão" típico da pós-modernidade. O tipo de cristianismo que Obama defende é aquele em que, por exemplo, (1) eutanásia, aborto, destruição de embriões para produção de células-tronco e homossexualismo não são pecados, como ele mesmo já afirmou repetidas vezes, (2) e no qual a fé cristã, para não "estagnar", para se tornar menos "engessada", deve aprender com as demais religiões. Já escrevi sobre isso no post de 5 de outubro, mas, se alguém quer mais referências, há um livro novo no mercado brasileiro, intitulado O Deus de Barack Obama, que se propõe a explicar o porquê de tantos jovens nos EUA se identificarem com Obama. Explica o livro:
"Com relação à religião, a maioria dos jovens dos Estados Unidos tem uma postura pós-moderna, o que significa dizer que eles encaram a fé de um modo parecido ao jazz: informal, eclético e, muitas vezes, sem um tema específico. Basicamente, costumam rejeitar uma religião organizada, privilegiando uma mescla religiosa que funcione para eles. Para esses jovens, não há nada de mais em construir a própria fé juntando tradições de religiões totalmente diferentes, e muitos formam sua teologia da mesma maneira como pegam um resfriado: por meio de contatos casuais com estranhos. Portanto, quando Obama fala de questionamentos sobre certos dogmas de sua fé cristã, da importância da dúvida na religião ou de seu respeito por religiões não cristãs, a maioria dos jovens imediatamente se identifica e simpatiza com sua fé não tradicional como base para sua política com tendência de esquerda — e também para a deles”. Leia mais sobre o assunto no blog do irmão Valmir Milhomens:
http://comoviveremos.com/2008/11/05/o-deus-e-a-fe-de-barack-obama/ Não é à toa que o pastor convidado por Obama para fazer a oração de abertura (tradição nas convenções dos dois maiores partidos dos EUA) da Convenção do Partido Democrata no final de agosto foi o emergente Donald Miller, autor do best seller Blue Like Jazz, lançado no Brasil com o título Como os pingüins me ajudaram a entender Deus. Miller é um dos maiores ícones do chamado "cristianismo pós-moderno" nos EUA e admirado principalmente pelos jovens. O "jazz" do título original de seu livro tem a ver com a comparação que o autor de O Deus de Barack Obama faz entre o jazz e o "cristianismo pós-moderno".
Isto é, o "ungido" foi beneficiado pela convergência dos acontecimentos que moldaram a atual conjuntura econômica, política, social, filosófica, religiosa e psicológica dos EUA, devidamente aproveitada pela militância engajada, devotada, persistente e incansável de seus fiéis seguidores na mídia e fora dela.
Entendendo o resultado
Ninguém esperava um resultado diferente nas eleições americanas, principalmente depois que a crise econômica estourou, pulverizando em poucos dias a vantagem que John McCain tinha sobre Obama durante as duas primeiras semanas de setembro e estabilizando o candidato democrata à frente nas pesquisas. A crise econômica foi, sem dúvida, um dos principais fatores determinantes. De meados de setembro para cá, depois que ela explodiu, Obama não apenas voltou a tomar a dianteira: ele não a largou mais. É verdade que, nesse período de disparada, ainda chegou a oscilar por três vezes, ficando em uma oportunidade rigorosamente empatado com McCain (ambos com 46% das intenções de voto), empatando tecnicamente há duas semanas (46% a 43%) e ficando incrivelmente com apenas um ponto à frente de McCain numa das pesquisas diárias da semana passada, em censo do Instituto Zogby. Mas foram só lampejos decorrentes dos ataques que sofreu nas últimas semanas, com acusações fortíssimas pesando contra ele (a relação com Bill Ayers e o processo de Phillip Berg, por exemplo).
No final, o que valeu mais não foram as fortes acusações que pesavam contra o democrata, nem as melhores propostas ou a maior experiência de McCain, mas o clima de protesto diante da crise e contra um presidente republicano que tem o segundo maior índice de rejeição da história daquele país (só 24% dos americanos o apóiam). Prevaleceu a eficiência do marketing e do discurso retórico de “esperança” para uma nação atingida em cheio pelo caos econômico (quase 2 milhões de americanos despejados de suas casas por inadimplência, 40% da população endividada, milhões de desempregados). Em suma: o que prevaleceu foi a catarse do ressentimento em relação ao governo que atravessou duas guerras e está enfrentando uma crise econômica colossal. Aliás, convenhamos: esta foi a eleição presidencial mais fácil para os democratas em todos os tempos. Toda a conjuntura social, política e econômica do país concorria a favor deles.
Para que você entenda melhor: Quem elege o presidente dos EUA não são os republicanos ou os democratas, posto que praticamente se equivalem em quantidade de seguidores. Se os democratas fossem maioria esmagadora, ou os republicanos, todas as eleições nos EUA já estariam decididas antes mesmo das campanhas começarem. As campanhas seriam meras formalidades. A verdade é que 80% dos eleitores americanos se dividem praticamente meio a meio entre republicanos e democratas. O último levantamento sobre a quantidade de eleitores filiados aos dois partidos revela que, hoje, 42% dos eleitores americanos registrados seriam democratas e 38%, republicanos. Ou seja, a diferença numérica entre eles é de apenas 4%. Por sua vez, os eleitores filiados aos partidos independentes chegariam a apenas 9%. Isso significa que, teoricamente, 89% dos eleitores americanos são votos certos para seus respectivos partidos (na verdade, os independentes não são tão fiéis a seus partidos; entretanto, por outro lado, o número de democratas e republicanos que viram a casaca é ínfimo). Resta ainda, contudo, 11% de eleitores americanos que não têm preferência partidária e que mudam sua preferência conforme a onda. Ou seja, são estes 11% – que representam milhões de eleitores – que decidem a vitória para um lado ou para o outro; são eles que definem para que lado a balança vai pesar mais, além, claro, do poder que cada partido demonstrará, no dia do pleito, de mobilizar seus próprios filiados para votar (lembremos que o voto, nos EUA, não é obrigatório).
Em 2004, a maioria dos americanos sem partido votou em Bush e o Partido Republicano conseguiu mobilizar mais seus seguidores do que os democratas. Em 2008, desta vez foi a vez de os democratas conseguirem mobilizar mais seus seguidores do que os republicanos e de convencerem a maior parte daqueles 11% a votarem em Obama.
Bem, mas como os democratas conseguiram mobilizar tanta gente e convencer a maioria desses 11% de eleitores sem partido? E mais: o que isso nos ensina sobre a conjuntura política e espiritual do final dos tempos? É o que analisaremos a seguir.
A crise leva as pessoas a serem mais coração do que razão
Recentemente, vi um analista político secular afirmando que as pessoas mais racionais em suas análises naturalmente percebiam que McCain seria melhor opção que Obama, já que, além de também representar mudança (McCain é um republicano progressista que sempre defendeu uma ruptura com o modelo de governo da "Era Bush"), é também muito mais experiente que o democrata, entende melhor de política externa e apresentou propostas mais viáveis (as propostas dos dois candidatos eram, no geral, parecidas, com algumas poucas divergências profundas - e ambos tinham também os tradicionais exageros de promessa de campanha -, mas as propostas de McCain eram, em certos pontos, claramente melhores).
Porém, conforme frisou aquele analista, as pessoas, em meio à crise, passaram a ser mais coração do que razão, e para quem é mais coração do que razão, Obama era o candidato que se tornava mais atraente às pessoas, já que, além de ter uma excelente retórica, ser mais jovem, bonito e alto (é o terceiro presidente mais novo da história dos EUA), enquanto McCain é idoso e com problemas de saúde, o democrata contou com um marketing muito forte (nunca visto antes em uma eleição), sendo apresentado como uma espécie de símbolo de protesto. Em outras palavras, as pessoas votaram mais em uma idéia e em uma mensagem do que em propostas concretas; canalizaram para Obama, como um símbolo de seu protesto, os anseios de mudança que desejavam - anseios estes catalisados pela explosão da crise econômica em meados de setembro. E aí, quando isso acontece, pouco importa se o símbolo é um candidato inexperiente, sob fortes acusações ou sem as melhores propostas.
Em uma frase: a crise foi o maior cabo-leitoral de Obama. Foi ela que fez os americanos serem mais coração do que razão na hora do voto, porque a crise leva as pessoas a serem mais coração do que razão.
Claro que, para que pudesse capitalizar votos quando a crise econômica estourou, Obama - cuja campanha tinha como mote "mudança" - teria que, antes, conseguir cristalizar em torno de si a imagem de uma mudança realmente relevante, mais do que a que McCain estava esposando. Lembremos que o candidato eleito nas prévias do Partido Republicano era o mais progressista de todos os nomes republicanos e que o discurso de campanha dele, antes e depois da vitória nas prévias, enfatizava constantemente isso.
Obama e sua campanha precisavam diminuir a todo custo a imagem de progressista do candidato republicano. E foi o que fizeram. Insistiram nisso o tempo todo. Tentaram, o máximo possível, colar em McCain a imagem de “continuação da Era Bush”. E não é que, por mais absurdo que seja afirmar que McCain seria uma continuação da “Era Bush”, os democratas conseguiram levar muitos americanos a pensarem assim? Mas, como conseguiram?
Realmente, a tarefa não era fácil. Como levar o americano a pensar que John McCain representava "a continuação da Era Bush", se ele sempre foi oposição a Bush no Partido Republicano e foi o congressista republicano que mais votou contra o governo Bush? Obama, carregando na tinta, dizia que McCain votara "95% das vezes a favor do governo", quando fora 89% das vezes, algo próximo da média dos congressistas democratas. Eles votaram, em média, 80% das vezes a favor do governo Bush. Os republicanos, 95%. Ademais, McCain tem no currículo vários projetos seus importantes aprovados como legislador, enquanto Obama, que tanto prega mudança, nunca teve um projeto seu aprovado. Apenas votou 100% conforme a orientação do seu partido. Nunca rompeu com a liderança do seu partido em qualquer questão de qualquer natureza, nem escreveu nenhum projeto de lei em quatro anos como senador. E queria mudança!
Como, então, Obama conseguiu?
O próprio McCain ajudou-o sem querer. Quando o republicano viu sua liderança nas pesquisas ser ameaçada pelo democrata depois da explosão da crise econômica em setembro, McCain tomou uma medida muitíssimo arriscada, uma medida que, se desse certo, o consagraria; se não, "adeus eleição".
Em 20 de agosto, antes da Convenção do Partido Democrata, McCain estava 5 pontos à frente de Obama (
http://www.estadao.com.br/internacional/not_int227515,0.htm). Então, veio a Convenção Democrata, encerrada em 28 de agosto, e Obama voltou a subir, empatando tecnicamente com McCain com uma leve vantagem de 3 pontos. Mas, na semana seguinte, vem a Convenção Republicana e McCain volta a ultrapassar Obama, e em todas as pesquisas, ficando dez dias à frente do democrata. Em 7 de setembro, a pesquisa US Today/Gallup chega a apontar McCain 10 pontos à frente de Obama (
http://time-blog.com/real_clear_politics/2008/09/usa_todaygallup_mccain_10.html). Foi só em 18 de setembro, com a explosão da crise, que Obama voltou a subir e a ultrapassar McCain (
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=809480&tit=Apos-piora-na-economia-pesquisas-mostram-Obama-a-frente-de-McCain).
Vendo o que estava acontecendo, McCain tentou reverter o quadro de forma errada. Tentou passar a imagem de pró-ativo, suspendendo a campanha dele temporariamente para participar das negociações no Congresso em favor da aprovação do pacote salvador do governo Bush. Medida arriscada que, no começo, deu certo. Quando McCain suspendeu a campanha para negociar, Obama, que já havia disparado 9 pontos à frente de McCain pelo Gallup logo que a crise estourou, perdeu os 9 pontos de vantagem em apenas três dias, segundo o mesmo Gallup. Em 26 de setembro, os dois estavam rigorosamente empatados com 46%. Porém, à medida que as negociações não prosperavam, McCain voltou a cair. Ou seja, era melhor não ter se envolvido nas negociações. Como Obama, deveria se postar apenas como um crítico à distância. McCain pensava, como a maioria do mundo pensou, que o pacote do governo seria logo aprovado, o que capitalizaria sua imagem de líder e negociador (e, no caso, em momentos difíceis), mas não foi o que aconteceu. As negociações duraram mais de suas semanas. Assim, Obama pôde usar algo para questionar a capacidade de liderança de McCain e "linká-lo" à propalada ineficiência do atual governo nas negociações. E insistiu: "Ele é mais do mesmo". Resultado? O democrata disparou nas pesquisas e não largou mais a dianteira.
O próprio Instituto Gallup, na sua avaliação feita hoje sobre a corrida eleitoral americana, reconhece que foi a crise econômica que tirou McCain da liderança, ressuscitou Obama nas pesquisas e o levou solidamente à vitória (
http://www.gallup.com/poll/111742/Obamas-Road-White-House-Gallup-Review.aspx). Ontem, o Gallup já ressaltara que 86% dos americanos estão insatisfeitos com a situação do país e 62% colocam a crise econômica como a principal razão para sua insatisfação. Por isso, mesmo após as denúncias das últimas semanas, Obama se manteve à frente, apenas oscilando um pouco em alguns momentos devido à intensidade das denúncias, como falamos de início.
Portanto, não é verdade, como alguns tontos dizem, que McCain perdeu porque “escolheu uma péssima vice”. Tremendo equívoco. E não estou afirmando isso por mera simpatia em relação a Sarah Palin por ela ser uma evangélica conservadora. O "Efeito Palin" ajudou McCain, sim, conquistando o apoio dos republicanos conservadores, que estavam reticentes em relação a McCain por ele não ser conservador em todas as questões. Tanto ajudou McCain que, logo seu nome anunciado, iniciou-se uma campanha avassaladora da mídia democrata americana contra Sarah (tentando criar e colar nela defeitos que a mídia enfatiza em Bush) e, mesmo com essa contra-campanha, ela continuou no auge. Algumas das maiores audiências da tevê americana neste ano foram o discurso de Palin na Convenção Republicana, sua entrevista à CBS, seu debate com Joe Binden (mais assistido do que todos os debates entre Obama e McCain) e até a sua participação bem-humorada no
Saturday Night Live.
Para quem acha que Sarah não ajudou: antes de escolhê-la, McCain não tinha tanto apoio dos evangélicos dos EUA, como já lembramos. As pesquisas da época apontavam que boa parte deles estava indecisa, desanimada e falava que não iria votar. Pois bem, segundo li hoje, comprovando as previsões, um levantamento da CNN mostra que 74% dos evangélicos que foram às urnas votaram em McCain contra apenas 24% que votaram em Obama. O respeito que McCain demonstrou aos conservadores durante a campanha, sua ênfase nos pontos comuns e principalmente a escolha de Sarah ajudaram McCain. Mas não foram suficiente. Só o voto dos evangélicos não elege o presidente. Em 2004, isso funcionou, mas, frise-se, combinado com o apoio da maioria daqueles 11% de que já falei e com uma grande mobilização dos republicanos liderada pelo excelente estrategista da campanha de Bush, Karl Rove.
Agora, se alguém afirma que a escolha de Sarah só ajudou McCain nesse sentido (de atrair o apoio de evangélicos desanimados com as eleições), aí podemos concordar. Sarah, por exemplo, não conseguiu atrair a maioria do voto feminino para McCain. Entretanto, também é errado afirmar que Sarah afastou de McCain muitos eleitores que antes pensavam em votar nele. Outra falácia midiática. Antes de Sarah, as pesquisas já mostravam que a maioria das eleitoras simpatizava com Obama. E os poucos republicanos que declararam-se insatisfeitos com a escolha de McCain são ínfima minoria no partido, além do que todos os analistas da imprensa secular daqui e de lá que citaram Sarah em artigos como "uma escolha ruim", "uma escolha que me afastou ainda mais de McCain", já eram obamistas antes de McCain eleger Sarah, e estavam apenas usando-a como um argumento a mais contra o republicano. McCain perdeu os votos que estava agregando em torno de si por outros motivos, os quais já elencamos aqui.
Por fim, se Sarah só afastava eleitores em vez de agregar, como tentava vender a imprensa obamista, por que todas as vezes que a víamos em ação nas ruas ela arrastava mais multidões do que McCain e o próprio Obama? "Do que Obama?" Sim. Você sabia que ela arrastou mais pessoas às ruas do que o "ungido"? Pois é, o ranço e a perseguição da imprensa obamista a ela escondem-nos essas informações. Aqui vai uma nota que mui provavelmente você, leitor, desconhece. Trata-se de uma notícia que nenhuma mídia brasileira divulgou, seja jornal, revista, televisão, rádio ou internet, e que mostra muito como Palin conseguiu agregar a McCain um grande número de eleitores, especialmente evangélicos: o maior recorde em um comício de rua desta eleição presidencial não é de Obama, mas de Sarah. Em 22 de setembro, Sarah Palin, que até o final da campanha continuou arrastando multidões em suas comícios de rua, fez campanha sozinha para McCain na Flórida, arrastando uma multidão de 60 mil pessoas! O máximo que Obama tinha levado às ruas durante toda a sua campanha foi quase 50 mil pessoas, e isso já faz meses (Obama só falou a mais gente em três oportunidades que não contam: em Berlim; no discurso de apresentação da Convenção do Partido Democrata, que foi em um estádio; e no discurso da vitória da madrugada de hoje. Nenhum desses casos vale como medição, porque não são comícios de rua em campanha nos EUA).
O discurso de Obama a 50 mil pessoas foi foto de capa de vários jornais do Brasil, como o jornal O Globo, aqui do Rio. Já o recorde estabelecido por Palin não provocou nem uma notinha de uma linha em qualquer lugar perdido dos jornais. O detalhe é que, no mesmo dia, Joe Binden, vice de Obama, esteve na Flórida também em campanha e levou apenas 2 mil pessoas. Engraçado que McCain chegava a fazer comícios na rua para até 500 pessoas, enquanto os comícios de Sarah geralmente não tinham menos que 5 mil pessoas.
"Mas, pastor Silas, como essa multidão nos comícios de Sarah não se refletiu em uma vitória apertada? Obama ganhou esmagadoramente!"
Em termos de delegados conquistados, que é o que vale mais lá, sim, é verdade; mas, em termos de número de votos, não foi uma vitória avassaladora. É verdade que Obama-Binden conquistou mais de 360 delegados e McCain-Palin, 162. Porém, McCain-Palin venceu em 22 Estados e Obama-Binden, em 28, e com vitória apertada em muitos deles. E no número total de votos, a chapa Obama-Binden foi eleita com 52,6% dos votos e a McCain-Palin teve honrosos 46,1%.
Bem, finalmente, dentro deste primeiro ponto, quero ressaltar ainda que o que aconteceu nesta eleição exemplifica muito bem o que irá acontecer quando do advento do Anticristo. Ei! Não estou dizendo que Obama é o Anticristo! Só estou dizendo que o que aconteceu a Obama agora é um exemplo do contexto a partir do qual o Anticristo se levantará: forte crise econômica, guerras, clima de desesperança, anseio por mudanças profundas, a busca por um "líder salvador", messianismo, quase que unanimidade internacional em torno do "líder salvador", inclusive por parte da mídia etc. Os ingredientes são os mesmos. Ou seja, esse contexto da eleição de Obama é uma amostra clara do contexto político e espiritual que deve permear o mundo quando do advento do Anticristo. As pessoas apoiarão o Anticristo porque, desesperançadas, tendem a ser mais emoção e feeling do que razão.
O maior poder de marketing e uma estratégia de mobilização jamais usados na História, e com o apoio maciço da mídia americana e internacional
O maior apoio já dado pela mídia americana e a internacional em relação a um político em toda a História ocorreu nesta eleição, em favor de Barack Hussein Obama. Era extremamente comum a maior parte da mídia dos EUA e do mundo até mesmo ocultar ou minimizar deliberadamente as acusações fortes que pesam contra o democrata.
Uma pesquisa recente mostrou que 204 jornais dos EUA declararam apoio explícito a Obama antes do pleito, enquanto só 100 apoiaram McCain, e com um detalhe: dos que apoiaram Obama, a maioria era de grandes jornais (The New York Times, Washington Post, Los Angeles Times etc). Todos os "jornalões", exceto um, apoiaram o democrata. O único "jornalão" americano a apoiar McCain foi o Wall Street Journal.
Obama teve praticamente todo o mundo midiático ao seus pés, lutando pela causa liberal, que foi fortalecida por duas guerras e uma crise econômica que ocorreram durante o governo de um conservador.
Essa quase perfeita harmonia e apoio da mídia a um político defensor da causa liberal também é uma amostra de como será possível, mais à frente, uma conjuntura liberal que propiciará o advento do Anticristo.
Enfim, o século 21 começou apontando a formação de uma nova conjuntura no mundo, cuja textura ideológica, política e social não é novidade para quem já conhece os vaticínios bíblicos sobre o Final dos Tempos.