Uma longa resposta a um antipentecostal
ncontrei no site www.palavraprudente.com.br um artigo denominado “O Paradoxo Pentecostal”, pelo qual o seu autor, um missionário, verbera contra o que desconhece: o pentecostalismo bíblico e clássico. Fala, fala, fala, mas sem conhecimento de causa. E, como esse nobre missionário citou este pobre escritor, de maneira indireta, inclusive mencionando os livros Erros que os Pregadores Devem Evitar e Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria, também tomarei a liberdade de comentar o seu artigo sem citar o seu nome...
Diz o antipentecostal: “Há cerca de um século, o mundo protestante se viu invadido por um movimento avivalista que recebeu o nome de “movimento pentecostal”. Este recebeu tal título por supostamente basear-se nos fatos acontecidos no célebre dia de pentecostes que ocorreu após a ascensão de Cristo aos céus, e que é detalhadamente explicado no capítulo 2 do livro de Atos dos Apóstolos”.
Em primeiro lugar, queira ou não queira o senhor missionário anti-pentecostal, o que ocorreu no dia de Pentecostes deu-se em cumprimento das profecias de Isaías (44.3), Joel (2.28,29), João Batista (Mt 3.11) e do próprio Senhor Jesus (Lc 24.49). E mais: o apóstolo Pedro, inspirado por Deus, disse que a promessa ali cumprida, de maneira parcial, diz respeito a todos quantos Deus, o nosso Senhor, chamar: "Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar" (At 2.39).
Mas o tal missionário continua a sua divagação: “Segundo seus propagadores todo crente deveria buscar a mesma experiência vivida pelos apóstolos nesse dia, ou seja, segundo eles todos devem falar em línguas (alguns também chamam línguas estranhas). E ainda, segundo suas idéias, isso se dá o nome de batismo com Espírito Santo. Todo crente deve, segundo a doutrina pentecostal buscar essa experiência”.
Caros internautas, como esse senhor está equivocado, com todo o respeito! Pensa ele que as verdades pentecostais foram inventadas por um grupinho de ignorantes. Ora, o batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais são verdades bíblicas irrefutáveis, a menos que desprezemos o livro de Atos dos Apóstolos, 1 Coríntios 12 a 14, 1 Tessalonicenses 5.19-21, etc. Estude pelo menos essas passagens sem preconceito. Elas falam por si mesmas.
“Como já dissemos, praticamente um século se passou e muitos, extremamente mal instruídos e preparados não se aperceberam de que o referido texto não fala em batismo. Que essa experiência só se repetiu mais duas vezes, em cumprimento a uma profecia de Jesus. E que falar em línguas é um dom do Espírito Santo, como o são outros oito descritos em I Coríntios 12. Outros líderes, entretanto, mesmo sabendo do engano, seguiram com a doutrina equivocada, mesmo porque já era tarde para reparar o equívoco. Afinal, como explicar para os milhares de membros das denominações pentecostais que eles foram ensinados errado até agora?” — verbera o tal missionário.
Como se lê no próprio capítulo 2 de Atos, o que aconteceu ali foi apenas uma amostra do que Deus faria a partir daquele marco. A promessa diz respeito, como já citei, a tantos quantos o Senhor chamar. Mas o tal missionário demonstra falta de conhecimento bíblico ao dizer que a experiência do dia de Pentecostes só se repetiu duas vezes. Haja vista o livro de Atos do Apóstolos, que apresenta derramamentos de poder em que manifestações similares à ocorrida no capítulo 2 são mencionadas de modo claro ou implicitamente (cf. caps. 8,10 e 19).
Em 1 Coríntios 12 e 14, são mencionadas línguas da parte do Espírito Santo que edificam os que as pronunciam, além do dom de variedades de línguas. Quem estuda esses capítulos sem preconceito chega a essa conclusão. Há, por conseguinte, línguas como sinal visível do batismo com o Espírito Santo. E existem línguas que são mensagens proféticas para a igreja, as quais, nesse caso, precisam de interpretação. A Bíblia não é um livro manipulável. Ela é a Palavra de Deus (1 Ts 2.13) e deve nos guiar (Sl 119.105).
Diz mais o teólogo antipentecostal: “Teólogos renomados, no afã de defender suas fileiras chegaram ao cúmulo de afirmar que só quem fosse ‘batizado’ com o Espírito Santo, ou seja, falasse em línguas estranhas, poderia estar à frente do trabalho do Senhor. Coitados. Esqueceram Lutero, Calvino, Spurgeon e Martin Luther King, só para citar os óbvios, que nunca falaram nenhuma língua estranha e tocaram a obra cheios da unção de Deus”.
Quanto a isso, apesar do infeliz adjetivo empregado pelo missionário, “coitados”, concordo com ele, em parte. Podemos, sim, trabalhar para Deus sem termos recebido o revestimento de poder. Contudo, não podemos abrir mão desse poder do alto ou desprezá-lo (1 Ts 5.19; Ef 6.10-18). O próprio Senhor Jesus disse: “Recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre nós, e ser-me-eis testemunhas...” (At 1.8). É para isso que serve essa gloriosa dádiva. Não é para salvação ou para o crente se gloriar. É um revestimento de poder, pelo qual somos melhor capacitados para fazer a obra do Senhor (Lc 24.49; At 9.17; 13.9).
Prossegue o missionário: “Com o advento do pentecostalismo passou a se ver nas igrejas algumas coisas nunca vistas antes. O que antes era um culto racional tornou-se um centro de emocionalismo exacerbado, onde na grande maioria dos casos as pessoas quase nunca conseguem ouvir a pregação da Palavra de Deus. A coisa chegou ao ponto de pastores recriminarem irmãos que não choram na hora do culto. O barulho alcançou decibéis muitas vezes insuportáveis, e é de se imaginar nesses momentos como Jesus ou Paulo pregavam”.
De fato, há exageros. Mas isso invalida a doutrina bíblica dos dons espirituais? Claro que não. Extremos existem, e eu estou consciente disso, assim como ser frio, sem fervor, racionalista (e não racional) constitui outro extremo igualmente perigoso, não é mesmo? "Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias" (1 Ts 5.19,20). E não venha me dizer que "profecias" aqui é uma referência à pregação da Palavra, e não aos dons espirituais. É preciso ser honesto e considerar o que a Palavra de Deus diz.
“Alguém poderia imaginar o Rei dos Reis pulando e correndo enquanto pregava o evangelho da salvação? Ou mesmo Paulo de Tarso pulando em um pé só ou atirando-se ao solo urrando ou gemendo? Mesmo Lutero, será que entraria por essa linha? Essa modificação homilética chegou com o pentecostalismo, que confundiu pregações avivadas, como as de Wesley, com barulho emotivo e vazio. Eis a primeira contribuição prática do movimento. Passagens com Eclesiastes 5:1,2; Habacuque 2:20; Romanos 12:1 e I Coríntios 14:40, perderam completamente o sentido, sendo sumariamente ignoradas” — diz o missionário, com razão.
Entretanto, não podemos ignorar que os dons do Espírito são para nós, hoje, e precisamos deles. O fato de haver meninices ou até mesmo ações demoníacas em muitos lugares, haja vista “a bênção de Toronto” e outros “retetés”, não invalida o que os genuínos dons espirituais. Ainda existem verdadeiros adoradores; ainda há homens e mulheres submissos ao Espírito Santo, que não agem por impulso ou carnalidade. Antes, são usados por Deus, que por meio dos dons edifica, consola e exorta o seu povo (1 Co 14.3ss).
Prossegue o antipentecostal: “Com o tempo a coisa foi piorando. Além da exigência infundada de que as pessoas deveriam buscar a todo custo algo que elas já teriam (o batismo com o Espírito Santo), os cultos passaram a ser classificados. Culto ‘frio’: onde se prega a Palavra de Deus de forma clara e fiel, sem invenções ou arroubos. Culto ‘quente’: onde as pessoas gritam, pulas e se descabelam. Sobem nas cadeiras, saem correndo pela igreja, sacodem uns aos outros e coisa pior. A lista é grande. Lembrando sempre: estas coisas se dão dentro da Casa de Oração do Senhor dos Exércitos. A Palavra de Deus foi perdendo terreno aos poucos. As visões, profecias, arrebatamentos e outros sinais, além das línguas passaram a ser componentes indispensáveis para que um culto fosse considerado com ‘unção’”.
Concordo, como já disse, que há extremismos em muitos cultos “pentecostais”. Mas não podemos negar que existe a verdadeira doutrina pentecostal, bíblica, equilibrada. Nota-se, por outro lado, que o missionário, devido à sua ânsia por refutar o pentecostalismo, comete erros elementares. A afirmação, por exemplo, de que os crentes não precisam buscar o batismo com o Espírito Santo porque já o possuem não reflete boa exegese. Primeiro, porque uma coisa é ser batizado no Corpo de Cristo (1 Co 12.13), e outra, bem diferente, é receber um revestimento de poder (Lc 24.49). Não podemos confundir selo com batismo (Ef 1.13,14). A operação do Espírito é multiforme. Ele convence, regenera, sela, reveste de poder, etc.
Aliás, caro missionário, no meu livro Erros que os Pregadores Devem Evitar, que o senhor fez questão de citar de modo pejorativo e com o título alterado, há uma explicação exegética sobre isso. Investigue. Seja coerente. Todos nós podemos julgar, provar, examinar, discernir (1 Ts 5.21), mas que façamos isso de maneira prudente, equilibrada e, sobretudo, à luz das infalíveis Escrituras.
“Além disso, surgiu uma teologia estranha à Bíblia acerca de vestes, que logo se tornou uma imposição farisaica, e que persiste até hoje. Interessantíssimo é ver que igrejas da mesma denominação, associação ou convenção, que são regidas pelo mesmo estatuto ou regimento interno, não pregam a mesma coisa. Em uma igreja mulher é obrigada a usar saia. Em outra pode usar calça. Em algumas, brincos são permitidos, em outras são vistos como coisas de satanás. Mas, afinal, não são os líderes mensageiros de Deus? Terá Deus duas palavras? Acredito que não. Algo está errado. Depois de anos e anos de perseguição, as denominações pentecostais estão sendo desmascaradas nesse ponto” — diz o antipentecostal, agora querendo claramente ridicularizar os pentecostais.
Antes que eu responda, leiamos mais um parágrafo do artigo em análise.
“E como ficam os crentes de décadas passadas, que foram sumariamente perseguidos por seus líderes nessa questão, e que hoje vêem as coisas mudadas? Será que há trinta anos Deus proibiu uma coisa e hoje esse mesmo Deus liberou-a? Ou será que na verdade não era a voz de Deus que estava falando, e sim a voz do homem? Observe uma igreja tradicional (por exemplo, uma Presbiteriana ou uma Batista) e veja quantas vezes ela mudou sua declaração doutrinária. Agora veja as igrejas pentecostais e analise a mesma coisa. Estão muito diferentes de quando foram fundadas. Que doutrina é essa?”
"Que doutrina é essa?" — pergunta o nobre missionário. Bem, reitero que concordo como artigo quanto ao perigo dos extremismos. Quanto aos usos e costumes, há sim exageros. É preciso levar em conta que há bons e maus costumes. Muitos obreiros leigos, mas chamados por Deus, não souberam como lidar com essas questões consuetudinárias, confundindo costume com doutrina. Por outro lado, é inegável que a Palavra de Deus trata dessa questão. O traje, à luz de 1 Timóteo 2.9, deve ser honesto, com pudor e modéstia. Em Tito 2.10, somos estimulados a termos um porte tão distinto do mundo, a ponto de sermos “ornamento da doutrina de Deus”. Estude também, à luz das línguas originais, 2 Tessalonicenses 2.15 e 3.6. Verifique se não é importante o nosso porte.
Mas o missionário prossegue verberando contra o pentecostalismo: “A partir da metade do século XX algo começou a mudar. Igrejas tradicionais começaram a embarcar nesta onda. O que antes era restrito às denominações pentecostais espalhou-se no meio reformado de raiz. E o que aconteceu? Rachas atrás de rachas. Uma pergunta: Deus se alegra com divisões? E o que o movimento pentecostal mais trouxe ao Brasil? Isso mesmo: divisões. Só para citar um exemplo, a maior igreja pentecostal de Brasil surgiu de uma divisão, quando dois missionários suecos causaram um racha em uma igreja tradicional em Belém (PA) e levaram consigo 19 membros da igreja alheia. Foi isso que Deus os mandou fazer no Brasil? Até onde sabemos missionários andam em busca de almas perdidas, e não daquelas que já estão convertidas”.
O desconhecimento da História das Assembléias de Deus por parte desse missionário anti-pentecostal é notório. O genuíno Movimento Pentecostal é o que mais cresce em número, deixando os anti-pentecostais cheios de inveja. Mas quantidade de membros não é a melhor maneira de se verificar se determinado movimento agrada ou não ao Senhor. É preciso considerar os frutos. E estes são muitos.
Quanto aos irmãos citados, excluídos sem nenhuma piedade pela liderança daquela tradicional igreja, no Estado do Pará, eles não tiveram outra alternativa a não ser se reunirem e buscarem mais e mais ao Senhor Jesus, que os abençoou, fazendo com que almas e mais almas fossem alcançadas por meio de seu testemunho. A despeito de eu ser um pobre e ignorante pentecostal, quero dar um conselho a esse experiente missionário. O senhor precisa estudar um pouco mais, pois escrever relativamente bem nem sempre ajuda. É preciso ser verdadeiro e honesto. Critique os pentecostais, mas faça isso com certeza, convicção, e não por mera antipatia.
“Quando o movimento invadiu o meio tradicional foi um “Deus-nos-acuda”. As divisões foram inevitáveis. E então começou um processo chamado “tiro no pé”. O raciocínio é simples. Assustados com o crescimento vertiginoso das denominações pentecostais, pastores tradicionais se sentiram diminuídos, e passaram a entender que, se cresciam os “avivados”, é porque o movimento devia estar correto. Tolinhos. As religiões que mais crescem no mundo são o islamismo, o mormonismo e as Testemunhas de Jeová. Estão eles certos porque crescem muito? E a igreja evangélica que mais rápido se expande no Brasil é a IURD. Vamos adotar suas práticas estranhas ao evangelho por isso? Esse foi o erro da igreja tradicional. E que vem persistindo”
Leiamos mais um parágrafo do artigo.
“Mas o mais engraçado, é que quando os tradicionais se tornaram pentecostais, em alguns aspectos acabaram se tornando ainda mais exagerados em suas celebrações. O culto santo, racional e reverente de adoração a Deus tornou-se, com o perdão da palavra, uma baderna generalizada. Abraçaram práticas descabidas como quebra de maldições hereditárias e intervenções territoriais completamente equivocadas, unção de objetos e outras coisas. E ai de quem disser o contrário. É frio, incrédulo, tradicional e outros rótulos menos dignos. Está quase desviado. Simplesmente porque só quer ouvir a Palavra de Deus”.
Os parágrafos acima demonstram o quanto o amado irmão anti-pentecostal precisa de equilíbrio. Colocar no mesmo bojo pentecostalismo histórico e neopentecostalismo (que na verdade está mais para neoliberalismo) é uma grande falácia, de quem pretende demonstrar que todos aqueles que não pertencem a uma denominação considerada tradicional jamais poderão ser “iluminados”. Ora, isso é muita presunção. Eu também não concordo, caro missionário, com os exageros da atualidade, como shows, danças, animadores de auditório, modismos, etc. Mas considerar tudo a mesma coisa, não fazendo distinção entre o que a Bíblia diz e o que os homens fazem, é imprudência. Seja coerente consigo mesmo.
Mas chega, finalmente, o parágrafo em que eu recebo alguns “elogios” do tal missionário: “Chegamos ao século XXI com uma situação que seria constrangedora não fosse tão ridícula. Os pentecostais querendo regular a bagunça que criaram. Basta ler os livros da nova geração de pastores e teólogos oriundos do movimento para ver suas preocupações. Basta dar uma olhada em títulos como “O Evangelho que Paulo Não Pregaria” e “Erros que todos os Pregadores Devem Evitar” Orientam contra profecias, visões, exageros, pregações teatrais, arrebatamentos, anjos, etc. De repente estão ávidos por Palavra, ensino, estudos, seminários, faculdades teológicas. Só esquecem de dizer uma coisa: Perdão”.
Bem, por um lado, sinto-me honrado pelo fato de dois de meus livros serem mencionados como obras que representam a voz dos que combatem heresias e modismos, como falsas profecias, pregações teatrais, angelolatria, etc. Tudo isso é verdade. Contudo, não é de hoje que a Assembléia de Deus e outros segmentos genuinamente pentecostais se interessam por ensino, estudos, seminários, faculdades teológicas, etc. Do jeito que esse senhor fala, fica a impressão de que os pentecostais são um bando de analfabetos... Alto lá! Alguém já ouviu falar da CPAD, maior editora evangélica da América Latina? É uma editora pentecostal. É ela quem publica a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada por um dos maiores teólogos brasileiros, Antonio Gilberto.
Sabe quantos anos tem a CPAD? Procure saber, caro missionário. Sabe quem publica o dicionário exegético de W.E. Vine? Procure saber. Sabe quantos títulos tem a CPAD em seu catálogo? Procure saber. Já ouviu falar de Stanley Horton? Procure se informar, pois o fato de haver exemplos negativos no meio pentecostal não significa que todos sejam ignorantes. Já ouvir falar da EETAD, da FAETAD e da FAECAD? Já leu o jornal Mensageiro da Paz?
Pobres pentecostais... Estão eles anos-luz distantes dos tradicionalistas? Ou não? Ah, e já que o irmão missionário gostaria de ouvir a palavra “perdão” de um pentecostal, dirijo-lhe um sonoro “perdão” pelas minhas considerações, mas não posso concordar com as suas inverdades.
Mas, ainda discorrendo sobre os meus livros, ele conclui: “Também não tocam na questão das “línguas estranhas”, que eles transformaram em dogmas. Aí também já seria demais. A igreja foi fundada sobre esta “pedra”. Retirá-la seria fatal. E hoje o quadro hilário é esse. Os tradicionais querendo cada vez mais ser pentecostais, porque querem suas igrejas cheias a qualquer custo, esquecendo-se das palavras do próprio Cristo em Lucas 12:32. E os pentecostais querendo a todo custo trazer um pouco da reverência tradicional para dentro de suas igrejas, sendo que foram eles mesmos os responsáveis por sua retirada. É pra rir ou pra chorar?”
Primeiro, caro missionário, o senhor não leu as minhas obras, pois nelas eu de fato trato dessa questão. Aliás, as línguas são chamadas de “estranhas” porque são estranhas a quem as pronuncia, pelo fato de serem produzidas pelo Espírito Santo, isso quando ocorre uma genuína manifestação do Consolador. Bem, o irmão pode se informar melhor sobre a doutrina pentecostal lendo os livros que condenou sem conhecê-los, além de outros, de autores como Antonio Gilberto, Stanley Horton, Claudionor de Andrade, Elienai Cabral, Esequias Soares, Severino Pedro da Silva, Elinaldo Renovato, Geremias do Couto, etc.
Respondendo à sua última pergunta: “É pra rir ou pra chorar?”, não vejo, sinceramente, razão para rir da triste realidade da igreja evangélica brasileira. Mas temos motivos para chorar, inclusive pela visão distorcida dos anti-pentecostais quanto à genuína operação do Espírito Santo. Se o tal missionário fosse imparcial, disposto a seguir ao que está escrito na Palavra de Deus, não condenaria o pentecostalismo, como se ele fosse um mal em si mesmo, e sim ao falso pentecostalismo, propagado por obreiros fraudulentos, sem chamada divina, cuja motivação são os próprios interesses, e não o cumprimento da vontade do Pai celestial (Mt 7.21-23).
Respeitosamente,
Ciro Sanches Zibordi
Diz o antipentecostal: “Há cerca de um século, o mundo protestante se viu invadido por um movimento avivalista que recebeu o nome de “movimento pentecostal”. Este recebeu tal título por supostamente basear-se nos fatos acontecidos no célebre dia de pentecostes que ocorreu após a ascensão de Cristo aos céus, e que é detalhadamente explicado no capítulo 2 do livro de Atos dos Apóstolos”.
Em primeiro lugar, queira ou não queira o senhor missionário anti-pentecostal, o que ocorreu no dia de Pentecostes deu-se em cumprimento das profecias de Isaías (44.3), Joel (2.28,29), João Batista (Mt 3.11) e do próprio Senhor Jesus (Lc 24.49). E mais: o apóstolo Pedro, inspirado por Deus, disse que a promessa ali cumprida, de maneira parcial, diz respeito a todos quantos Deus, o nosso Senhor, chamar: "Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar" (At 2.39).
Mas o tal missionário continua a sua divagação: “Segundo seus propagadores todo crente deveria buscar a mesma experiência vivida pelos apóstolos nesse dia, ou seja, segundo eles todos devem falar em línguas (alguns também chamam línguas estranhas). E ainda, segundo suas idéias, isso se dá o nome de batismo com Espírito Santo. Todo crente deve, segundo a doutrina pentecostal buscar essa experiência”.
Caros internautas, como esse senhor está equivocado, com todo o respeito! Pensa ele que as verdades pentecostais foram inventadas por um grupinho de ignorantes. Ora, o batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais são verdades bíblicas irrefutáveis, a menos que desprezemos o livro de Atos dos Apóstolos, 1 Coríntios 12 a 14, 1 Tessalonicenses 5.19-21, etc. Estude pelo menos essas passagens sem preconceito. Elas falam por si mesmas.
“Como já dissemos, praticamente um século se passou e muitos, extremamente mal instruídos e preparados não se aperceberam de que o referido texto não fala em batismo. Que essa experiência só se repetiu mais duas vezes, em cumprimento a uma profecia de Jesus. E que falar em línguas é um dom do Espírito Santo, como o são outros oito descritos em I Coríntios 12. Outros líderes, entretanto, mesmo sabendo do engano, seguiram com a doutrina equivocada, mesmo porque já era tarde para reparar o equívoco. Afinal, como explicar para os milhares de membros das denominações pentecostais que eles foram ensinados errado até agora?” — verbera o tal missionário.
Como se lê no próprio capítulo 2 de Atos, o que aconteceu ali foi apenas uma amostra do que Deus faria a partir daquele marco. A promessa diz respeito, como já citei, a tantos quantos o Senhor chamar. Mas o tal missionário demonstra falta de conhecimento bíblico ao dizer que a experiência do dia de Pentecostes só se repetiu duas vezes. Haja vista o livro de Atos do Apóstolos, que apresenta derramamentos de poder em que manifestações similares à ocorrida no capítulo 2 são mencionadas de modo claro ou implicitamente (cf. caps. 8,10 e 19).
Em 1 Coríntios 12 e 14, são mencionadas línguas da parte do Espírito Santo que edificam os que as pronunciam, além do dom de variedades de línguas. Quem estuda esses capítulos sem preconceito chega a essa conclusão. Há, por conseguinte, línguas como sinal visível do batismo com o Espírito Santo. E existem línguas que são mensagens proféticas para a igreja, as quais, nesse caso, precisam de interpretação. A Bíblia não é um livro manipulável. Ela é a Palavra de Deus (1 Ts 2.13) e deve nos guiar (Sl 119.105).
Diz mais o teólogo antipentecostal: “Teólogos renomados, no afã de defender suas fileiras chegaram ao cúmulo de afirmar que só quem fosse ‘batizado’ com o Espírito Santo, ou seja, falasse em línguas estranhas, poderia estar à frente do trabalho do Senhor. Coitados. Esqueceram Lutero, Calvino, Spurgeon e Martin Luther King, só para citar os óbvios, que nunca falaram nenhuma língua estranha e tocaram a obra cheios da unção de Deus”.
Quanto a isso, apesar do infeliz adjetivo empregado pelo missionário, “coitados”, concordo com ele, em parte. Podemos, sim, trabalhar para Deus sem termos recebido o revestimento de poder. Contudo, não podemos abrir mão desse poder do alto ou desprezá-lo (1 Ts 5.19; Ef 6.10-18). O próprio Senhor Jesus disse: “Recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre nós, e ser-me-eis testemunhas...” (At 1.8). É para isso que serve essa gloriosa dádiva. Não é para salvação ou para o crente se gloriar. É um revestimento de poder, pelo qual somos melhor capacitados para fazer a obra do Senhor (Lc 24.49; At 9.17; 13.9).
Prossegue o missionário: “Com o advento do pentecostalismo passou a se ver nas igrejas algumas coisas nunca vistas antes. O que antes era um culto racional tornou-se um centro de emocionalismo exacerbado, onde na grande maioria dos casos as pessoas quase nunca conseguem ouvir a pregação da Palavra de Deus. A coisa chegou ao ponto de pastores recriminarem irmãos que não choram na hora do culto. O barulho alcançou decibéis muitas vezes insuportáveis, e é de se imaginar nesses momentos como Jesus ou Paulo pregavam”.
De fato, há exageros. Mas isso invalida a doutrina bíblica dos dons espirituais? Claro que não. Extremos existem, e eu estou consciente disso, assim como ser frio, sem fervor, racionalista (e não racional) constitui outro extremo igualmente perigoso, não é mesmo? "Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias" (1 Ts 5.19,20). E não venha me dizer que "profecias" aqui é uma referência à pregação da Palavra, e não aos dons espirituais. É preciso ser honesto e considerar o que a Palavra de Deus diz.
“Alguém poderia imaginar o Rei dos Reis pulando e correndo enquanto pregava o evangelho da salvação? Ou mesmo Paulo de Tarso pulando em um pé só ou atirando-se ao solo urrando ou gemendo? Mesmo Lutero, será que entraria por essa linha? Essa modificação homilética chegou com o pentecostalismo, que confundiu pregações avivadas, como as de Wesley, com barulho emotivo e vazio. Eis a primeira contribuição prática do movimento. Passagens com Eclesiastes 5:1,2; Habacuque 2:20; Romanos 12:1 e I Coríntios 14:40, perderam completamente o sentido, sendo sumariamente ignoradas” — diz o missionário, com razão.
Entretanto, não podemos ignorar que os dons do Espírito são para nós, hoje, e precisamos deles. O fato de haver meninices ou até mesmo ações demoníacas em muitos lugares, haja vista “a bênção de Toronto” e outros “retetés”, não invalida o que os genuínos dons espirituais. Ainda existem verdadeiros adoradores; ainda há homens e mulheres submissos ao Espírito Santo, que não agem por impulso ou carnalidade. Antes, são usados por Deus, que por meio dos dons edifica, consola e exorta o seu povo (1 Co 14.3ss).
Prossegue o antipentecostal: “Com o tempo a coisa foi piorando. Além da exigência infundada de que as pessoas deveriam buscar a todo custo algo que elas já teriam (o batismo com o Espírito Santo), os cultos passaram a ser classificados. Culto ‘frio’: onde se prega a Palavra de Deus de forma clara e fiel, sem invenções ou arroubos. Culto ‘quente’: onde as pessoas gritam, pulas e se descabelam. Sobem nas cadeiras, saem correndo pela igreja, sacodem uns aos outros e coisa pior. A lista é grande. Lembrando sempre: estas coisas se dão dentro da Casa de Oração do Senhor dos Exércitos. A Palavra de Deus foi perdendo terreno aos poucos. As visões, profecias, arrebatamentos e outros sinais, além das línguas passaram a ser componentes indispensáveis para que um culto fosse considerado com ‘unção’”.
Concordo, como já disse, que há extremismos em muitos cultos “pentecostais”. Mas não podemos negar que existe a verdadeira doutrina pentecostal, bíblica, equilibrada. Nota-se, por outro lado, que o missionário, devido à sua ânsia por refutar o pentecostalismo, comete erros elementares. A afirmação, por exemplo, de que os crentes não precisam buscar o batismo com o Espírito Santo porque já o possuem não reflete boa exegese. Primeiro, porque uma coisa é ser batizado no Corpo de Cristo (1 Co 12.13), e outra, bem diferente, é receber um revestimento de poder (Lc 24.49). Não podemos confundir selo com batismo (Ef 1.13,14). A operação do Espírito é multiforme. Ele convence, regenera, sela, reveste de poder, etc.
Aliás, caro missionário, no meu livro Erros que os Pregadores Devem Evitar, que o senhor fez questão de citar de modo pejorativo e com o título alterado, há uma explicação exegética sobre isso. Investigue. Seja coerente. Todos nós podemos julgar, provar, examinar, discernir (1 Ts 5.21), mas que façamos isso de maneira prudente, equilibrada e, sobretudo, à luz das infalíveis Escrituras.
“Além disso, surgiu uma teologia estranha à Bíblia acerca de vestes, que logo se tornou uma imposição farisaica, e que persiste até hoje. Interessantíssimo é ver que igrejas da mesma denominação, associação ou convenção, que são regidas pelo mesmo estatuto ou regimento interno, não pregam a mesma coisa. Em uma igreja mulher é obrigada a usar saia. Em outra pode usar calça. Em algumas, brincos são permitidos, em outras são vistos como coisas de satanás. Mas, afinal, não são os líderes mensageiros de Deus? Terá Deus duas palavras? Acredito que não. Algo está errado. Depois de anos e anos de perseguição, as denominações pentecostais estão sendo desmascaradas nesse ponto” — diz o antipentecostal, agora querendo claramente ridicularizar os pentecostais.
Antes que eu responda, leiamos mais um parágrafo do artigo em análise.
“E como ficam os crentes de décadas passadas, que foram sumariamente perseguidos por seus líderes nessa questão, e que hoje vêem as coisas mudadas? Será que há trinta anos Deus proibiu uma coisa e hoje esse mesmo Deus liberou-a? Ou será que na verdade não era a voz de Deus que estava falando, e sim a voz do homem? Observe uma igreja tradicional (por exemplo, uma Presbiteriana ou uma Batista) e veja quantas vezes ela mudou sua declaração doutrinária. Agora veja as igrejas pentecostais e analise a mesma coisa. Estão muito diferentes de quando foram fundadas. Que doutrina é essa?”
"Que doutrina é essa?" — pergunta o nobre missionário. Bem, reitero que concordo como artigo quanto ao perigo dos extremismos. Quanto aos usos e costumes, há sim exageros. É preciso levar em conta que há bons e maus costumes. Muitos obreiros leigos, mas chamados por Deus, não souberam como lidar com essas questões consuetudinárias, confundindo costume com doutrina. Por outro lado, é inegável que a Palavra de Deus trata dessa questão. O traje, à luz de 1 Timóteo 2.9, deve ser honesto, com pudor e modéstia. Em Tito 2.10, somos estimulados a termos um porte tão distinto do mundo, a ponto de sermos “ornamento da doutrina de Deus”. Estude também, à luz das línguas originais, 2 Tessalonicenses 2.15 e 3.6. Verifique se não é importante o nosso porte.
Mas o missionário prossegue verberando contra o pentecostalismo: “A partir da metade do século XX algo começou a mudar. Igrejas tradicionais começaram a embarcar nesta onda. O que antes era restrito às denominações pentecostais espalhou-se no meio reformado de raiz. E o que aconteceu? Rachas atrás de rachas. Uma pergunta: Deus se alegra com divisões? E o que o movimento pentecostal mais trouxe ao Brasil? Isso mesmo: divisões. Só para citar um exemplo, a maior igreja pentecostal de Brasil surgiu de uma divisão, quando dois missionários suecos causaram um racha em uma igreja tradicional em Belém (PA) e levaram consigo 19 membros da igreja alheia. Foi isso que Deus os mandou fazer no Brasil? Até onde sabemos missionários andam em busca de almas perdidas, e não daquelas que já estão convertidas”.
O desconhecimento da História das Assembléias de Deus por parte desse missionário anti-pentecostal é notório. O genuíno Movimento Pentecostal é o que mais cresce em número, deixando os anti-pentecostais cheios de inveja. Mas quantidade de membros não é a melhor maneira de se verificar se determinado movimento agrada ou não ao Senhor. É preciso considerar os frutos. E estes são muitos.
Quanto aos irmãos citados, excluídos sem nenhuma piedade pela liderança daquela tradicional igreja, no Estado do Pará, eles não tiveram outra alternativa a não ser se reunirem e buscarem mais e mais ao Senhor Jesus, que os abençoou, fazendo com que almas e mais almas fossem alcançadas por meio de seu testemunho. A despeito de eu ser um pobre e ignorante pentecostal, quero dar um conselho a esse experiente missionário. O senhor precisa estudar um pouco mais, pois escrever relativamente bem nem sempre ajuda. É preciso ser verdadeiro e honesto. Critique os pentecostais, mas faça isso com certeza, convicção, e não por mera antipatia.
“Quando o movimento invadiu o meio tradicional foi um “Deus-nos-acuda”. As divisões foram inevitáveis. E então começou um processo chamado “tiro no pé”. O raciocínio é simples. Assustados com o crescimento vertiginoso das denominações pentecostais, pastores tradicionais se sentiram diminuídos, e passaram a entender que, se cresciam os “avivados”, é porque o movimento devia estar correto. Tolinhos. As religiões que mais crescem no mundo são o islamismo, o mormonismo e as Testemunhas de Jeová. Estão eles certos porque crescem muito? E a igreja evangélica que mais rápido se expande no Brasil é a IURD. Vamos adotar suas práticas estranhas ao evangelho por isso? Esse foi o erro da igreja tradicional. E que vem persistindo”
Leiamos mais um parágrafo do artigo.
“Mas o mais engraçado, é que quando os tradicionais se tornaram pentecostais, em alguns aspectos acabaram se tornando ainda mais exagerados em suas celebrações. O culto santo, racional e reverente de adoração a Deus tornou-se, com o perdão da palavra, uma baderna generalizada. Abraçaram práticas descabidas como quebra de maldições hereditárias e intervenções territoriais completamente equivocadas, unção de objetos e outras coisas. E ai de quem disser o contrário. É frio, incrédulo, tradicional e outros rótulos menos dignos. Está quase desviado. Simplesmente porque só quer ouvir a Palavra de Deus”.
Os parágrafos acima demonstram o quanto o amado irmão anti-pentecostal precisa de equilíbrio. Colocar no mesmo bojo pentecostalismo histórico e neopentecostalismo (que na verdade está mais para neoliberalismo) é uma grande falácia, de quem pretende demonstrar que todos aqueles que não pertencem a uma denominação considerada tradicional jamais poderão ser “iluminados”. Ora, isso é muita presunção. Eu também não concordo, caro missionário, com os exageros da atualidade, como shows, danças, animadores de auditório, modismos, etc. Mas considerar tudo a mesma coisa, não fazendo distinção entre o que a Bíblia diz e o que os homens fazem, é imprudência. Seja coerente consigo mesmo.
Mas chega, finalmente, o parágrafo em que eu recebo alguns “elogios” do tal missionário: “Chegamos ao século XXI com uma situação que seria constrangedora não fosse tão ridícula. Os pentecostais querendo regular a bagunça que criaram. Basta ler os livros da nova geração de pastores e teólogos oriundos do movimento para ver suas preocupações. Basta dar uma olhada em títulos como “O Evangelho que Paulo Não Pregaria” e “Erros que todos os Pregadores Devem Evitar” Orientam contra profecias, visões, exageros, pregações teatrais, arrebatamentos, anjos, etc. De repente estão ávidos por Palavra, ensino, estudos, seminários, faculdades teológicas. Só esquecem de dizer uma coisa: Perdão”.
Bem, por um lado, sinto-me honrado pelo fato de dois de meus livros serem mencionados como obras que representam a voz dos que combatem heresias e modismos, como falsas profecias, pregações teatrais, angelolatria, etc. Tudo isso é verdade. Contudo, não é de hoje que a Assembléia de Deus e outros segmentos genuinamente pentecostais se interessam por ensino, estudos, seminários, faculdades teológicas, etc. Do jeito que esse senhor fala, fica a impressão de que os pentecostais são um bando de analfabetos... Alto lá! Alguém já ouviu falar da CPAD, maior editora evangélica da América Latina? É uma editora pentecostal. É ela quem publica a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada por um dos maiores teólogos brasileiros, Antonio Gilberto.
Sabe quantos anos tem a CPAD? Procure saber, caro missionário. Sabe quem publica o dicionário exegético de W.E. Vine? Procure saber. Sabe quantos títulos tem a CPAD em seu catálogo? Procure saber. Já ouviu falar de Stanley Horton? Procure se informar, pois o fato de haver exemplos negativos no meio pentecostal não significa que todos sejam ignorantes. Já ouvir falar da EETAD, da FAETAD e da FAECAD? Já leu o jornal Mensageiro da Paz?
Pobres pentecostais... Estão eles anos-luz distantes dos tradicionalistas? Ou não? Ah, e já que o irmão missionário gostaria de ouvir a palavra “perdão” de um pentecostal, dirijo-lhe um sonoro “perdão” pelas minhas considerações, mas não posso concordar com as suas inverdades.
Mas, ainda discorrendo sobre os meus livros, ele conclui: “Também não tocam na questão das “línguas estranhas”, que eles transformaram em dogmas. Aí também já seria demais. A igreja foi fundada sobre esta “pedra”. Retirá-la seria fatal. E hoje o quadro hilário é esse. Os tradicionais querendo cada vez mais ser pentecostais, porque querem suas igrejas cheias a qualquer custo, esquecendo-se das palavras do próprio Cristo em Lucas 12:32. E os pentecostais querendo a todo custo trazer um pouco da reverência tradicional para dentro de suas igrejas, sendo que foram eles mesmos os responsáveis por sua retirada. É pra rir ou pra chorar?”
Primeiro, caro missionário, o senhor não leu as minhas obras, pois nelas eu de fato trato dessa questão. Aliás, as línguas são chamadas de “estranhas” porque são estranhas a quem as pronuncia, pelo fato de serem produzidas pelo Espírito Santo, isso quando ocorre uma genuína manifestação do Consolador. Bem, o irmão pode se informar melhor sobre a doutrina pentecostal lendo os livros que condenou sem conhecê-los, além de outros, de autores como Antonio Gilberto, Stanley Horton, Claudionor de Andrade, Elienai Cabral, Esequias Soares, Severino Pedro da Silva, Elinaldo Renovato, Geremias do Couto, etc.
Respondendo à sua última pergunta: “É pra rir ou pra chorar?”, não vejo, sinceramente, razão para rir da triste realidade da igreja evangélica brasileira. Mas temos motivos para chorar, inclusive pela visão distorcida dos anti-pentecostais quanto à genuína operação do Espírito Santo. Se o tal missionário fosse imparcial, disposto a seguir ao que está escrito na Palavra de Deus, não condenaria o pentecostalismo, como se ele fosse um mal em si mesmo, e sim ao falso pentecostalismo, propagado por obreiros fraudulentos, sem chamada divina, cuja motivação são os próprios interesses, e não o cumprimento da vontade do Pai celestial (Mt 7.21-23).
Respeitosamente,
Ciro Sanches Zibordi
1 Response to "Uma longa resposta a um antipentecostal"
Postar um comentário