A "COISIFICAÇÃO" DO MINISTÉRIO PASTORAL
Um fenômeno tem preocupado aqueles que de maneira crítica, lançam seus olhares sobre a prática pastoral na igreja evangélica brasileira. Falo da "coisificação" do ministério pastoral.
Pastor virou "gestor". O pastor não dedica mais o seu tempo para cuidar de pessoas. As coisas e os negócios da igreja se tornaram prioridades.
O tempo que deveria investir em oração e na leitura devocional da palavra (relação pessoal de comunicação com Deus), e na visitação (relação pessoal de comunicação com os santos), é empreendido agora na administração dos negócios, no acompanhamento das contas, nas visitas às construções e em outras vária atividades impessoais.
Falo principalmente dos pastores de tempo integral (e neste caso me incluo). O tempo do pastor de "tempo integral", não é mais tempo integral para ser pastor. O pastor é superintendente de órgãos e departamentos, professor do seminário, presidente ou membro de conselhos, comissões e convenções. No caso de pastores que dividem o tempo entre trabalho secular, família e igreja, o tempo dedicado para esta última, deveria ser totalmente aproveitado para a atividade exclusivamente pastoral.
O pastor pode exercer as funções acima descritas, o que não dá é torná-las prioridade ministerial. Nos casos mais extremos, os pastores que produzem mais em outras atividades, sem ser as atividades pastorais junto a congregação, deveriam se (ou serem, no caso de pastores auxiliares) afastar destas, para dedicarem-se inteiramente aquelas.
Amado companheiro e pastor de tempo integral, no que estás envolvido neste exato momento? Estás dedicando tempo para si mesmo e para a sua família? Estás atendendo no gabinete pastoral? Fos-te fazer algumas visitas aos enfermos? Estás na busca de alguma ovelha perdida? Fos-te realizar uma cerimônia fúnebre? Estás orando, lendo ou estudando a Bíblia para se alimentar e prover alimento para o rebanho? Estás envolvido em atividades evangelísticas?
Ultimamente, a relação pessoal (se assim pode ser chamada) entre muitos pastores e as igrejas que pastoreiam (ou administram), limita-se aos contatos na escola dominical, no culto dominical e nos cultos de ensino bíblico (ou de doutrinação).
Entendo que parte deste grande problema é uma questão econômica. Para que pagar (ou contar com a ajuda voluntária) de diáconos ou outros membros para tratar dos negócios administrativos (das coisas), quando se pode explorar os pastores, e dessa maneira, economizar alguns reais dos cofres da igreja?
Penso ser também uma questão de reprodução de um modelo centralizador e clerical, onde o pastor é o detentor de todos os saberes e habilidades, o único apto, capaz e vocacionado para o exercício com excelência de todos os dons espirituais e ministeriais. Pobre e medíocre visão.
Precisamos de um ministério pastoral mais humanizado e menos coisificado. Para isto é necessário descentralizar as tarefas e rever as prioridades do ministério pastoral no atual contexto da igreja evangélica brasileira.
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