O melhor vinho está garantido!

22:48:00

(1) Comments


Há quatro anos, mais precisamente em 22 de dezembro de 2004, uma descoberta em Israel ganhou as principais páginas em jornais de todo o mundo: a arqueóloga israelense Yardena Alexander descobrira as ruínas da aldeia de Caná da Galiléia, em mais um achado que corroborava ainda mais a autenticidade histórica da narrativa bíblica sobre Jesus. Até então, alguns céticos duvidavam da existência de uma aldeia com esse nome naquela região do Oriente Médio.
Caná é uma aldeia bíblica mencionada em relatos marcantes das Sagradas Escrituras.
Foi em Caná que Jesus teve um encontro com um oficial de Herodes que estava com seu servo enfermo em Cafarnaum (Jo 4.46). O oficial, que pode ter sido o procurador Cuza (Lc 8.3) ou o colaço Manaém (At 13.1), ou uma autoridade menos conhecida, demonstrou uma fé marcante que extraiu elogios do Senhor. A fé daquele homem em Jesus fez com que o Mestre curasse seu servo à distância.
Era de Caná um dos principais discípulos de Jesus – Natanael (Jo 21.2), cujo nome significa “dom de Deus”. Ele era um judeu muito correto, tendo sido identificado pelo Mestre como “um verdadeiro israelita em quem não há dolo” (Jo 1.47). Apesar de a região da Galiléia ser conhecida na época como um lugar de libertinagem e profundas trevas espirituais, Caná era um lugar onde ainda havia algumas pessoas íntegras. Natanael era uma delas.
Mas, o principal acontecimento de Caná, que fez com que ficasse conhecida em todo o mundo, foi o fato de ali Jesus ter operado seu primeiro milagre, transformando água em vinho durante uma festa de casamento. Curiosamente, nos escombros de Caná, a equipe da arqueóloga israelense encontrou também jarros de pedra do mesmo tipo dos usadas no milagre. Nessas talhas cabem centenas de litros, como no registro bíblico (Jo 2.6).
O milagre em Caná foi tão importante que o apóstolo João o incluiu em seu Evangelho como um dos “sinais”, forma como ele designou os principais milagres de Jesus, que evidenciam Sua divindade (Jo 2.11; 20.30,31).
E pensar que tudo começou com um convite.
Certo dia, um casal, provavelmente gente próxima a Natanael (já que a aldeia era pequena) e amiga de Maria, mãe de Jesus (pois ela soube em primeira mão quando acabou o vinho da festa), resolveu convidar o Mestre e seus discípulos para suas bodas. João faz questão de frisar isso: “Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento” (Jo 2.2). Este foi o primeiro grande acerto dos noivos: convidar Jesus para sua festa.
Conta-nos a Bíblia que, a certa hora da festa, o vinho havia acabado, preocupando os organizadores das bodas, mas Jesus evitou um vexame para o casal. Jesus salvou a festa! Ele transformou água em vinho. Mas, não em qualquer vinho. Segundo o mestre-sala da festa, Jesus produziu “o melhor vinho”. Eis aqui a primeira grande lição sobre como devemos lidar com as celebraçãos da vida: Jesus nunca deve estar ausente de nossas festas.
O Mestre não deve ser só anelado avidamente em meio às borrascas da vida. Sua presença é indispensável também em nossas celebrações. Ele é - e quer ser de fato em nossas vidas - Deus dos vales e montes; Ele quer ser o nosso Senhor e Amigo tanto no "vale da sombra e da morte" quanto nos vértices e ápices da nossa vida.
Eis aqui um convidado que nunca deve ser esquecido em nossas celebrações: Jesus. Simplesmente, festa sem Jesus não é festa.
Quando Ele é excluído das celebrações de nossa vida, o prazer da vida se torna fugaz, rarefeito. Mas, se Ele está presente, o prazer da vida subsiste a todas as intempéries.
Sua presença é indispensável em qualquer circunstância, tanto em meio à dor mais lancinante quanto em momentos de júbilo e fervor.
Ainda que surjam as dificuldades, e elas vêm; ainda que o “vinho” acabe por um momento, restando apenas “água”, Jesus tem o poder de salvar a festa, transformando a água em vinho muito superior.
Lembremo-nos que o milagre só foi possível porque Jesus estava lá. Sem Jesus, não há milagre. Sem Jesus, a festa da vida perde a graça. É nEle que reside a graça, o sabor, o gosto e o prazer da existência. Ele é a Vida!
Uma das características marcantes do milagre do convidado especial é sem dúvida o fato de aquele vinho produzido milagrosamente ter sido considerado pelo experiente mestre-sala, o dirigente da cerimônia, o melhor que ele havia experimentado. “E lhe disse: Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora” (Jo 2.10). Essa passagem nos traz grandes lições. Aliás, todos os milagres que Deus faz trazem lições.
Você nunca vai ver Deus fazendo um milagre em sua vida sem, com isso, estar ensinando alguma coisa. Milagres não são caprichos divinos. Não são atos de Deus para impressionar as pessoas. Eles são ingredientes da pedagogia divina. São atos pedagógicos de amor. São "sinais"!
Ora, Deus é todo-poderoso, onisciente, onipresente e auto-suficiente, mas Ele só age conforme o seu caráter, que é santo. Deus só age a partir de princípios. Ele não dirige o Universo irresponsavelmente.
Deus criou leis naturais, como a da gravidade, para que houvesse ordem no Universo. Se uma dessas leis é quebrada, quem a quebrou sofre as conseqüências. Por causa da lei da gravidade, não posso saltar de um avião sem pára-quedas, porque certamente morrerei. Portanto, Deus só pode fazer um milagre, uma intervenção que quebre as próprias leis que Ele criou, por um motivo pedagógico, edificante, nunca por mero capricho.
Deus só faz milagres para trazer lições. Ele move céus e Terra para abençoar seus filhos, edificá-los, amadurecê-los, fazê-los confiarem mais nEle, buscá-lo e crescerem espiritualmente.
Em suma, tudo o que Deus faz tem por objetivo não apenas a Sua glória, mas também nos fazer crescer. O milagre em Caná da Galiléia é um exemplo disso.
Quais as lições desse milagre?
A primeira aponta para o sacrifício de Cristo. O bom vinho representa o Evangelho, as Boas Novas de Salvação (Mt 9.17). Ele também representa o sangue de Cristo, que nos purifica de todo pecado (Mt 26.27-29 e 1Jo 1.7). A transformação de água em vinho fala da transformação que o Espírito Santo opera em nossas vidas através do Evangelho de Cristo (2Co 5.17). Essa é a lição básica desse milagre.
Agora, há outras lições nele. Se observarmos cada passo do milagre, o processo que Jesus utilizou para operá-lo, o ato dos serventes e o resultado do milagre, aprenderemos algo sobre o melhor de Deus para nossas vidas.
Você quer o melhor para a sua vida? Você quer “o melhor vinho”? Só uma pessoa que não é sadia psicologicamente, só um sadista, vai querer o pior para si. Todos, em são juízo, querem o melhor. Porém, como termos certeza de que obteremos o que realmente seria o melhor para nossas vidas?
Em primeiro lugar, com os serventes que obedeceram Jesus para que a festa fosse salva, aprendemos que ser obediente à ordem de Jesus é requisito indispensável para recebermos o melhor de Deus.
Deus tem o melhor para nós, Ele quer nos dar o melhor, e o melhor está disponível. Basta apenas agir corretamente para que experimentemos o melhor do Senhor. Como costumo dizer, fique à vontade na vontade de Deus.
Em segundo lugar, com a expressão do mestre-sala (“Deixaram o melhor vinho para o final!”), aprendemos também que o melhor de Deus para nossa vida está no fim. Ou seja, se você quer o melhor de Deus, você tem que ir até o fim com Ele.
Não pare. Persista. Vá até o fim!
Se Jesus está nas celebrações da nossa vida, se Ele faz parte delas, Ele com certeza trará o melhor ao final de cada experiência. Com Ele, cada capítulo de nossa vida, por mais que às vezes tenha um ou outro “momento de suspense” ou sobressaltos, sempre termina com final feliz. E mesmo que aconteça de, aqui na Terra, todo o roteiro da sua vida ser eventualmente o mais terrível possível devido às circunstâncias da existência, o seu capítulo final será, sem dúvida, extraordinário, o melhor do melhor: a Eternidade com Deus.
O final com Deus sempre é melhor, muito melhor.
Com Ele, cada lágrima e suor valem a pena. Viver nunca é debalde ao Seu lado. É sempre ganho; e o morrer, superávit.
Dizendo de outra forma: Quem não está nEle pode ter tudo, mas não tem nada; quem está nEle pode não ter nada, mas tem tudo.
Portanto, não devemos nos aprisionar no hoje. Devemos prosseguir, porque Deus tem o melhor para nós mais à frente. Sua vida não é um arquivo estanque; é uma obra em aperfeiçoamento, e Aquele que a começou é fiel para aperfeiçoá-la.
“Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas” (Ec 7.8) e “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até se tornar dia perfeito” (Pv 4.18).
Persista em fazer o que vale a pena: a vontade de Deus. E, nos momentos difíceis, Deus não vai simplesmente transformar “limão em limonada”. Creia que Ele vai transformar água em vinho! Do pior Ele vai extrair o melhor para você.
Na festa da vida, o normal, aos olhos humanos, é começarmos com o melhor vinho e terminarmos com o inferior. Por exemplo e principalmente: começamos com saúde, terminamos cansados e alquebrados pelo peso dos anos. O homem exterior se corrompe com o tempo. É inexorável. Porém, para quem tem Jesus nas celebrações da vida, não só na velhice há frutos - bem como se é viçoso e florescente -, mas também, na Eternidade, ao terminarmos nosso combate, constatamos que, o tempo todo, Deus havia reservado para nós o melhor vinho de Sua safra para o desfecho. O vinho das Bodas do Cordeiro!
Venha o que vier sobre sua vida, aconteça o que acontecer, o que importa é que Deus está com você e o melhor vinho está garantido!
Sim, o melhor vinho está garantido! O melhor vinho está garantido!
Creia, vá em frente e celebre!
Boas festas!
Silas Daniel
Ministro evangélico, casado, pernambucano radicado no Rio de Janeiro, conferencista, jornalista, articulista e escritor
Serve como pastor-auxiliar na Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Augusto Vasconcelos, Rio de Janeiro (RJ). CONTATOS: silas.daniel@bol.com.br

Luciano

Natal... Mas de quem?

21:31:00

(0) Comments


Que todas as bênçãos do Natal sejam derramadas sobre todos os internautas, aos quais dedico este lindo poema de meu amigo, o pastor, escritor, teólogo, professor e poeta Noélio Duarte.
Ciro Sanches Zibordi

NATAL... MAS DE QUEM?

Nesta época linda do ano
Há mudanças no ser humano.
De repente, se torna tão bom!
Há felicitações e tanto abraço,
Há mais melodias no espaço
E até a música tem um outro som!
Então, surgem as arrumações,
Cores, festas, iluminações,
E há intensas luzes no céu...
No ar, em vez de Jesus,
Aparece uma figura que reluz:
O gordo e rosado Papai Noel!
Mas, afinal, de quem é o Natal?
Qual o seu personagem central?
Papai Noel mora num lugar gelado;
Jesus, num céu lindo e abençoado!
Papai Noel anda no trenó das renas;
Jesus, sobre nuvens e águas terrenas!
Papai Noel vem uma vez por ano;
Jesus, está presente no cotidiano!
Papai Noel, enche meias de presentes;
Jesus, supre os corações carentes!
Papai Noel entra, não é convidado;
Jesus, bate à porta – Ele é educado!
Papai Noel gosta de festa e promoção;
Jesus, gosta apenas do coração!
Papai Noel nos deixa sentar no colo;
Jesus nos abraça – não nos deixa no solo!
Papai Noel nada sabe sobre nós;
Jesus conhece cada ovelha pela voz!
Papai Noel diz apenas: ôh, ôh, ôh!
Jesus diz: “Vinde a mim – Eu sou amor!”
Papai Noel vive num mundo de brinquedos;
Jesus vive no mundo curando os medos!
Papai Noel faz agrados e dá beijinhos;
Jesus, dá-nos a doce paz e seu carinho!
Papai Noel coloca presentes na árvore de luz;
Jesus, tornou-se nosso presente na cruz!
Papai Noel some, deixando frustrações;
Jesus está vivo e presente nos corações!
Então,
De quem é mesmo o belo Natal?
De Jesus ou do Papai Noel comercial?
Precisamos lembrar: Se o Natal reluz
É porque Deus amou ternamente o mundo
E o Seu amor resgatador profundo,
Deu-nos seu mais belo presente: JESUS!

Noélio Duarte, poeta
Membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil
noelio@pop.com.br

Luciano

O PROFESSOR DA ESCOLA DOMINICAL E O HÁBITO DE LEITURA

21:13:00

(0) Comments


A atualização e contínua busca por conhecimento é um fator de fundamental importância no mundo contemporâneo. Tal atitude é indispensável para o sucesso em qualquer atividade, inclusive a docência cristã. Como bem colocou Martins, Maestri e Cosenza (2004, p. 77) o homem moderno, para inserir-se na sociedade contemporânea de forma satisfatória, se depara com grandes desafios. Possuir informações gerais e específicas, que cooperem no acompanhamento das rápidas mudanças tecnológicas, científicas, culturais e sociais, torna-se fator vital para a realização pessoal, social, profissional e ministerial na vida de um ministro do evangelho. A leitura se constitui um elemento fundamental para a aquisição de novos saberes e compreensão do mundo atual. É um comportamento imprescindível na vida contemporânea (WITTER, 2004, p. 181).

Conhecimento agrega tanto o que fazemos, como o que sabemos, é o conjunto total de informações, habilidades cognitivas e operacionais que os indivíduos utilizam para resolver problemas; envolvem assim, tanto questões teóricas quanto práticas, as regras do dia-a-dia e as instruções sobre como agir, baseando-se em dados e informações, mas, ao contrário deles, está sempre ligado ao sujeito; é construído por indivíduos e representa suas crenças sobre relacionamentos casuais (COSTA, 2006, p. 16).

Conhecimento é agregação, interação e acumulação de informação. A busca constante por novos saberes exige dos professores de ED leitura especializada e geral. A resistência à leitura é uma realidade, e muitos ignoram os males resultantes desta prática salutar.

A leitura de livros permite ao ser humano refletir, socializar e disseminar o seu conhecimento com o propósito de construir novos conhecimentos. Apesar de todo o desenvolvimento das tecnologias de informação, da ampliação dos projetos de inclusão digital, nada substitui a importância da leitura.

As pesquisas demonstram que o hábito de ler está longe do ideal em nossa nação. No Brasil, cada brasileiro lê pouco mais de dois livros por ano.

O professor de ED, em linha gerais, ainda não reconhece no ato de ler, o seu valor para o desenvolvimento intelectual, adequação de comportamentos a nova realidade cultural e social, sem falar da possibilidade de conduzir o seu aluno a um processo de desenvolvimento e entendimento da realidade, fato este que produzirá indivíduos mais atuantes, conhecedores dos grandes desafios deste século e capazes de adequar suas práticas ao novo contexto, produzindo com isso maior resultado para o Reino de Deus, sem contudo, abrir mão dos princípios inegociáveis da Bíblia sagrada.

O CONCEITO DE LEITURA

Conforme Martins (2007, p. 22), o conceito de leitura é bem mais abrangente do que um simples decodificar da escrita, é um ato que implica na formação global do indivíduo e em sua relação com o mundo que o cerca. Diz ainda a autora, que a leitura independe do contexto escolar, é para além do texto escrito, permite compreender e valorizar melhor cada passo do aprendizado das coisas, cada experiência, "Ampliar a noção de leitura em geral pressupõe transformação na visão de mundo em geral e na de cultura em particular”. Ela quer dizer que ler não é simplesmente decifrar o que está escrito, mas um ato que resulta na formação geral do indivíduo, e que faz com que ele se adapte ao mundo em que vive não se limitando apenas às vivências escolares, mas "enxergando" além daquilo que está escrito.

Araújo (1972, p. 11) cita Russel que define a leitura como "um ato sutil e complexo que abrange, simultaneamente, a sensação, a percepção, a compreensão e a integração". Com isso ele quer dizer que ler não se limita apenas a perceber as palavras, mas ao mesmo tempo entender o todo reagindo às idéias apresentadas procurando integrá-las as suas vivências.

Por ser um instrumento de aquisição de conhecimentos, a leitura, se levada a efeito crítica e reflexivamente, levanta-se como um trabalho de combate à alienação, capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude. É preciso saber, se a organização social onde a leitura aparece e se localiza, em nosso caso, a Escola Dominical, dificulta ou facilita o surgimento de homens - leitores críticos e transformadores.

OS BENEFÍCIOS DA LEITURA PARA O PROFESSOR DA ED

A necessidade e o incentivo para a prática constante da leitura por parte dos ministros cristãos podem ser observados através de uma análise do que vários escritores cristãos e não-cristãos escreveram sobre o assunto.

Como bem colocou Bamberger (2005, p. 70), o hábito de leitura só será realidade se o indivíduo perceber que vale a pena, dando-se conta de que a leitura poderá fazer muito por seus interesses pessoais, profissionais e sociais. No caso da docência cristã, os interesses do Reino estão acima de todos os outros. Muitos são os benefícios da leitura. Observemos alguns:

- Possibilidade de Emancipação Intelectual. A questão emancipadora ou libertadora, envolve a leitura crítica. Longe de ser uma atividade meramente mecânica e reprodutora de idéias e conceitos, al leitura crítica é realizada mediante um conjunto de características que envolve a constatação, o cotejo e a transformação. Criticidade vai além de compreensão de idéias e da mera reprodução de doutrinas. Criticidade envolve convicção e posicionamento diante da Palavra de Deus.

- Desenvolvimento do Homem. A leitura permite o acesso do povo aos bens culturais já produzidos e registrados pela escrita e, portanto, como meio de conhecimento e crítica dos fatores históricos, científicos, literários etc.


A importância da leitura no exercício do ministério docente cristão é descrita por Sanders (1985, p. 90-91) como essencial para o homem que deseja crescer, espiritual e intelectualmente. A leitura deve ser uma prática importante;

- Para obter avivamento espiritual e proveitoso. Um avivamento proveitoso e espiritual é aquele que nasce da leitura da Bíblia, de bons livros e do mundo que nos cerca. Sem estes fundamentos o avivamento tornar-se-á um mero evento transitório, emotivo e infrutífero;

- Tendo em vista o estímulo mental. A leitura é instrumento para o estímulo de novos pensamentos e idéias. MacDonald (apud Habecker, 1998, p. 51) diz que “o crescimento da mente torna possível que as pessoas sirvam às gerações em que vivem [...]. Se desenvolvo a minha mente posso fazer com que os outros cresçam”. Um professor de ED aprovado é aquele que sempre procura estar com as idéias renovadas e organizadas;

- A fim de obter cultivo de estilo. Aqui a pregação e o ensino se destacam. A leitura da Bíblia associada à leitura de bons livros proporcionará como já colocado, um aumento do vocabulário e desenvolvimento na arte da elocução incisiva e persuasiva. O aprimoramento da linguagem, da expressão, nos níveis individual e coletivo. Nos dias atuais, a capacidade comunicação clara e fluente, exige que os professores de ED desenvolvam suas habilidades de comunicação. Isso implica em um vocabulário bastante rico. A leitura é uma ferramenta essencial nesse processo.


- Com vistas a adquirir informações. Devido o volume de informações em nossa época, a leitura é uma ferramenta essencial para o pastor manter-se bem informado e atualizado. Sobre isto diz Mendes (1999, p. 44) que “A comunicação eficiente da Palavra de Deus exige bons conhecimentos da língua pátria e da atualidade”. A leitura pode ser considerada como condição sine qua non na conquista de qualquer corpo de informação (SILVA; MALOZE; LEME, 1997, p. 101).

- A fim de ter comunhão com as grandes mentes. Ter contato com grandes pensadores cristãos é um exercício de grande valor cultural para o professor da ED.

PAULO O LEITOR

O apóstolo Paulo, grande referencial para os mestres cristãos de todas as épocas (2 Tm 1.11), foi um grande leitor. Escrevendo em 2 Tímóteo, 4:13 ele diz: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos”. Foi em razão do conhecimentos adquirido pela leitura de diversas obras, que Paulo sobre contextualizar estes escritos em algumas situações por ele vivenciadas.

Quando esteve em Atenas, durante a sua segunda viagem missionária, ao ser inquirido acerca de sua mensagem pelos filósofos epicureus e estóicos (Atos 17:18-20), durante sua argumentação fez as seguintes citações: “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17:28a). French e Stronstad (2003, p. 731) comentam: “Sua primeira citação é presumivelmente retirada do poeta e filósofo cretense Epimênides (século VI a.C.)”.

A segunda citação em Atos 17.28, “Porque dele também somos geração” é conforme French e Stronstad (idem, p. 731), atribuída ao poeta Ciliciano Arato (século III a.C.).

Outro caso de citação de literatura secular encontra-se em Tito 1:12: “Foi mesmo, dentre eles, um seu profeta, que disse: Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos”. Tal citação se refere a Epimenides de Cnosso, em Creta, um ensinador de religião e adivinho, que viveu aproximadamente em 305-240 a.C (ibden, p.1510).

Fica dessa forma evidenciado pelos relatos bíblicos aqui citados, que a leitura, tanto do texto sagrado como de outras obras, é de fundamental importância na vida daqueles que foram chamados por Deus para realizarem a sua obra, principalmente para os professores de ED.

CONCLUSÃO

Ler é essencial. O desenvolvimento do hábito de leitura, não deve, contudo, ser encarado como uma obrigação, antes, precisa ser percebido e vivenciado como uma atividade prazerosa.

Quando lemos, crescemos espiritualmente, intelectualmente e ministerialmente. Crescer e continuar crescendo, é necessidade vital para o exercício do ministério cristão e para a constante atualização.

Longe de ser uma apologia ao intelectualismo, o ato de ler se constitui numa das maiores fontes de qualificação para o professor da ED, em plena pós-modernidade, em meio à sociedade do conhecimento.

É preciso se contextualizar sem secularizar-se, desenvolver-se como pessoa, cristão e educador. O hábito de leitura, certamente, irá colaborar para o alcance de tais exigências.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Maria Yvonne Atalício de. Iniciação à leitura. Belo Horizonte: Virgília, 1972.
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. 7. ed. Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Ática/UNESCO, 2005
BÍBLIA. Português. A Bíblia sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004. Revista e Atualizada no Brasil, 2. Ed.
COSTA, Patrícia. Hábito de leitura e compreensão de textos: uma análise da realidade de pós-graduados em Administração. Dissertação (mestrado em Administração). Universidade Federal de Sta. Maria: Santa Maria, RS, 2006.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 2007.
MARTINS, Lucy Nunes Ratier; MAESTRI, Marcos; COSENZA, Marisa. Contexto de Leitura em professores universitários. In Witter, G. P. (Org.), Leitura e psicologia (pp. 78-91). Campinas: Alínea, 2004.
MENDES, José Deneval. Teologia pastoral: a postura do obreiro é indispensável para o êxito no ministério cristão. 9. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
SANDERS, J. OSWALD. Liderança espiritual: os atributos que Deus valoriza na vida de homens e mulheres para exercerem liderança. Tradução de Oswaldo Ramos. São Paulo: Mundo Cristão, 1985.
SILVA, Antonio Gilberto da. Manual da Escola Dominical: pela excelência do ensino da Palavra de Deus. 17. ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1997.
SILVA, Elza Maria Tavares; MALOZZE, Gertrudes L. M.; LEME, Maria de Lourdes C. S. Compreensão de leitura entre universitários do primeiro e quinto anos de Direito. In Witter, G. P. (Org.), Psicologia leitura & universidade (pp. 101-110). Campinas: Alínea, 1997.
WITTER, Geraldina Porto (org.) Leitura e psicologia. Campinas, SP: Alínea, 2004.

Luciano

Deus está no controle / Pr Silas Malafaia -Partes:1-2-3-4

22:02:00

(1) Comments




Luciano

O medo adâmico

22:42:00

(0) Comments


Introdução

O temor de Deus é o único temor que remove todos os outros. Com esta frase, Jay Adams sintetiza a verdade bíblica a respeito do medo [1]. Deus criou o homem perfeito, sem medo e sem culpa. Na criação primitiva do homem, havia completa harmonia entre espírito, alma e corpo. O homem era integral, inteiriço, sem qualquer transtorno espiritual, psíquico, emocional e fisiológico.

'Ĕlohîm criara o homem refletindo sua imagem e semelhança (Gn 1.27,28). Existia completa harmonia entre a imagem moral e natural. Todavia, essa conformidade entre a natureza moral e natural, entre espírito, alma e corpo, entre o espiritual e o somático foi interrompida pelo pecado.

Primeiro registro bíblico

O primeiro registro bíblico da palavra "medo", "temor" ou "pavor" acha-se em paralelo ao problema do mal moral, do pecado, da Queda, do pecado original. Diz a Bíblia: E chamou o Senhor Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. (Gn 3.9,10). O medo, segundo o literato de Gênesis, é produto do pecado, ou melhor, da perda da comunhão com Deus. Não há medo quando o crente está na relação certa com o Criador! Enquanto Adão mantinha-se em harmonia e comunhão com Deus, nada o atemorizava. O medo não existia antes da Queda, mas assumiu o posto da emoção humana quando o homem foi suficientemente corajoso para desobedecer o mandamento divino!

O primeiro medo

O primeiro medo não foi o de pecar, de ouvir a serpente, ou o medo da morte, mas o de ouvir a suave voz de Deus: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. O pecado afetou tanto a comunhão com Deus, que o homem temera a voz de seu Criador. Quão diferente é o temor de Habacuque: Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi (3.1). O temor do profeta o motiva a clamar ainda mais ao Senhor: aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia. Na relação certa com Deus, o temor se torna em oração suplicante e intercessória.

Porém, rompida a comunhão com 'Ĕlohîm, o medo se torna em desespero e transferência de culpa: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi (Gn 3.12). O medo é desagregador, assim como o pecado. Faz com que o indivíduo desconfie do outro, que lhe é semelhante. Ao contrário do amor que não "suspeita mal ... [e] tudo crê" (1 Co 13.4-7), o medo desconfia das pessoas, suspeita mal até das boas ações.

O medo também impede o indivíduo de assumir suas responsabilidades e o seu papel como homem ou mulher. Adão, como cabeça de sua esposa, deveria protegê-la não apenas da tentação, mas também da responsabilidade da culpa. Pelo contrário, transferiu à mulher a responsabilidade da Queda. Nesse momento, Eva, provavelmente, sentiu-se desprotegida; seu marido, com medo das conseqüências do pecado, tenta, inutilmente transferir a culpa para ela. A tensão estava presente. A brisa suave cedera ao rubro das circunstâncias. Antes confiança, agora medo! Outrora afeto, agora desconfiança! O medo presente em todas as emoções humanas. Inutilmente transferiram a culpa à uma. Deus responsabilizou-os individualmente.

O medo adâmico o fez esquecer de suas responsabilidades e missão como chefe de família. Desesperado pela própria segurança, ninguém se preocupa com a do outro. É necessário altruísmo e alteridade para preocupar-se com o outro quando você sente o mesmo perigo. Adão esqueceu-se de sua mulher, quando se viu no mesmo perigo. O medo impede que a pessoa enfrente os seus problemas e as pessoas, pois se trata de uma auto-proteção, capaz de impedir que você se mova em direção ao outro. Já o amor é muito diferente. O amor aproxima você não apenas das pessoas, mas o faz encarar seu próprio problema e medo. Quantas mães, embora frágeis, já enfrentaram terríveis animais para livrar os seus filhos! O medo afugenta, mas o amor encoraja.

Termos Bíblicos

No Antigo Testamento. O primeiro termo para medo em Gênesis 3.10 é yārē', cujo significado é "temer", "ter medo", "ter grande temor", mas também "reverenciar". No original, a palavra é usada, segundo Vine, por volta de 330 vezes [2]. Este vocábulo, o mais comum no Antigo Testamento, é usado em cinco categorias: a) a emoção do medo; b) a previsão intelectual do mal; c) reverência ou respeito; d) comportamento íntegro ou piedade; e) adoração religiosa formal [3].

Um segundo termo em Gêneses 9.2 é chath, usado para descrever o "pavor", "medo" ou " o desmaiar de medo". Neste texto o medo é relacionado a um agente externo que causa pânico e temor. Este vocábulo é usado mais uma vez em Jó 41.33 para descrever que a coragem do leviatã, pois "foi feito para estar sem pavor" (ARC). Nada na terra se compara a coragem do leviatã, pois ao contrário dos outros animais, como ocorre em Gn 9.2, ele não teme o homem. De qualquer forma, apesar de outros vocábulos hebraicos serem usados para descrever a palavra medo, yārē' é a mais comum e transmite todo o conceito que o vocábulo possui em língua portuguesa. Um outro termo significativo é môrā' que aparece em Is 8.12 referindo-se ao medo externo: "não temais o seu temor", descrevendo um assombro externo.

Em o Novo Testamento. Nas páginas do Novo Testamento o principal termo para medo já é um velho conhecido da língua portuguesa: fobia, de phobos, "terror", "medo", "pânico", "susto"; phoberós, ou seja, "temível", "assustador". O uso do termo descreve várias reações da emoção humana, bem como diversas situações que amedrontam o homem, entre elas: o aparecimento de seres celestiais (Lc 1.12; 2.9); os eventos catastróficos futuros (Lc 21.26); o medo mais comum de todos, a morte (Hb 2.15); e até mesmo das autoridades (Rm 13.13).


NOTAS

[1] ADAMS, Jay E. O manual do conselheiro cristão. São Paulo: Editora Fiel, 1982, p. 378.

[2] VINE, W.E. (et al) Dicionário Vine. 7.ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 301.

[3] HARRIS, R. Laird (et al). Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 655.

Esdras Costa Bentho
(RJ-Brasil)
é paraibano, casado com Ana Paula, e pai de Esdras Júnior e Philipe Bentho. É pedagogo, teólogo, escritor e redator das Lições de Jovens e Adultos da CPAD.

Luciano

Ler e Compreender: Atos necessários à Exegese

22:22:00

(0) Comments



A “exegese bíblica é a extração, explicação, narração ou interpretação dos textos bíblicos”. No entanto, o comentário da perícope bíblica, tradicionalmente chamado de exegese, somente é realizado pelo exegeta após a compreensão do texto em análise. Portanto, antes de explicar o texto é necessário compreendê-lo. Essa dimensão da interpretação foi captada maestricamente pelo filósofo do sentido, Paul Ricoeur, quando afirmou que “a exegese se propõe a compreender um texto a partir de sua intenção, sobre o fundamento daquilo que esse texto significa”.[1] Logo, a exegese quanto ciência da interpretação, se ocupa da compreensão e explicação do texto; isto é, do entendimento, elucidação do cuntextum, de sua trama, contextura e das conexões lógicas que existem entre as diferentes partes do texto a fim de torná-lo coerente. De acordo com James R. White, a exegese é o processo de compreender o texto da Bíblia em seu próprio contexto.[2] Isto posto, dois binômios são necessários à tarefa da exegese: compreender e explicar. O primeiro procede da investigação metódica e conscienciosa do exegeta, enquanto o segundo, do resultado derivado da análise.

Ao afirmarmos que a Exegese é a ciência da compreensão e explicação de textos, isto quer dizer que devemos acima de tudo entender que na prática existe um abismo entre “ler” e “compreender”, embora no grego neotestamentário as duas palavras estejam etimologicamente relacionadas. É possível ler um texto das Escrituras e não compreender o sentido ou a mensagem do mesmo. O eunuco de Atos 8.30-35 lia mas não compreendia. Vejamos rapidamente esse pormenor. Embora não perceptível na língua portuguesa, no grego do Novo Testamento, Filipe usa dois verbos cognatos: ginōskeis traduzido pela ARA e TEB por “compreender”, NVI por “entender”, mas por extensão “ter ou tomar conhecimento”; e, anaginōskeis , procedente da preposição ana que em composição inclui o sentido de “sobre”, e ginōskō , traduzido em diversas passagens por “saber”, “conhecer”, “vir a conhecer”, “entender”, “compreender” (Mt 13.11; Mc 4.13; Jo 8.32, 43; 14.7). O significado primário de anaginōskeis é “lendo em voz alta” e, o uso do verbo no imperfeito no versículo 28 (aneginosken), descreve uma ação inacabada, que está em curso ou duração; por essa razão, Filipe ouvi-o lendo o profeta Isaías (v.30) – não é sem razão que os gregos ainda hoje usam o termo anagnostikós como referência ao gosto pela leitura.

À semelhança da leitura orante da Bíblia, à maneira de Carlos Mesters [3], Filipe interroga o eunuco: “Compreendes o que vens lendo?” O termo que define o sentido de “compreender” participa do mesmo campo semântico do vocábulo que determina o significado de “leitura”; pressupondo que a leitura deve nos conduzir a uma compreensão do texto, e que o próprio ato de ler leva-nos ao de compreender. Compreender, portanto, é alcançar por meio da inteligência o significado daquilo que se está lendo. Quando compreendemos o que estamos lendo, percebemos as intenções de quem escreveu e entendemos aquilo que está contido no texto.

A resposta do etíope não deixa de ser menos esclarecedora. Principalmente pelo vocábulo que o historiador usa para descrever a resposta do leitor interessado. O termo grego, traduzido por “explicar” na ARA e “ensinar” na ARC, é hodēgēsei, procedente do verbo hodēgeō, que significa “guiar”, “liderar”. O texto ipsis litteris quer dizer: “Como posso entender se alguém não me guiar”. “Guiar” na compreensão do texto. “Guiar” na exata interpretação do conteúdo, tal qual traduziu a TEB: “E como poderia eu compreender, se não tenho guia?”. Nunca é demais repisar que a leitura de um texto é o primeiro passo para compreendê-lo.

Por conseguinte, a leitura exegética do texto bíblico é, inicialmente, diacrônica, pois está interessada no desenvolvimento histórico do texto, depois, sincrônica, pois situa-se no centro de origem lingüística, histórica e social a que está inserido.

Por fim, apresenta ao homem e a igreja contemporânea a mensagem das Escrituras conforme as suas interrogações e dilemas. Filipe explica o texto ao eunuco etíope e, a partir do contexto do profeta Isaías, “anunciou-lhe a Jesus” (At 8.34,35).

Exegese e a Evangelização

A explicação e narração do texto sagrado foram além do invólucro dos sinais semânticos e das sínteses culturais, que às vezes estão longe da cultura e dos problemas daquele que ouve. Essa superação interpretativa na prática da evangelização mostra-nos que uma leitura significativa das Escrituras não é apenas documental e acadêmica, mas também, e, principalmente, evangelística e pastoral.

A leitura e comp reensão das Sagradas Escrituras devem conduzir o homem a Deus,por meio de Cristo, o LOGOS ENCARNADO. Qualquer leitura crítica da Bíblia que afaste o homem de Cristo ou da fé apostólica não cumpre os propósitos pelo qual o Verbo de Deus se manifestou (Jo 1.14).

Shökel sabiamente afirma que "a Palavra de Deus não é apenas uma informação religiosa, uma informação sobre Deus; é Deus mesmo se autocomunicando, mais ainda se auto-revelando". [4] Deus revela-se por meio do Verbo Encarnado, o Logos Theou, como também mediante a Sagrada Escritura, a revelação epistemológica. Filipe, a partir das Escrituras, anunciou o nosso Senhor Jesus ao etíope (At 8.35). O propósito pelo qual interpretou a Palavra de Deus segue-se imediatamente ao fechamento da narrativa lucana: "desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou" (At 8.38). A interpretação das Escrituras nessa perícope cumpriu certos propósitos evangelísticos e poemênicos. Isto não quer dizer que a exegese e hermenêutica bíblica limitam-se à evangelização e ao pastoreado, pelo contrário, mas que a ciência bíblica de análise e interpretação do texto sagrado não deve omitir-se na tarefa de conduzir o homem a Deus, por meio de Cristo, pois a Palavra de Deus não é conceito para a mente, mas vida para o coração.

A exegese, como metodologia da ciência bíblica, deve promover, por meio da interpretação, o encontro entre o homem e Deus. No dizer de Weiller, "a dialética da distância e da proximidade" devem ser aproximadas:
O texto escrito só produz seu verdadeiro sentido como Palavra do Deus vivo no encontro e na tensão destes dois pólos históricos. Uma releitura fiel e engajada da Bíblia, a partir do Espírito que a anima (cf. Jo 14.26), faz explodir o potencial criador da Palavra de Deus, fonte geradora da verdadeira vida. [5]

Uma leitura bíblica que podemos chamar de eficaz ou científica é aquela que usa uma metodologia capaz de conduzir o leitor ao correto significado do texto. Assim sendo, tal qual Filipe, a exegese se propõe a conduzir, liderar, ou guiar o estudante das Escrituras na compreensão ou entendimento do texto bíblico. Conforme a concepção de Schnelle, a exegese é um processo de leitura, aprendizado e compreensão dirigido metodologicamente, cujo objetivo é realizar um inventário das dimensões históricas e teológicas dos textos.[6]

[1] RICOEUR, Paul. Hermenêutica y estructuralismo. Buenos Aires: Ediciones Megápolis, 1975, p.7.

[2] WHITE, J.Robert. Scripture alone: exploring the Bible’s accuracy, authorith, and authenticity. Minesota: Bethany House Publishers, 2004, p. 80.

[3] MESTERS, Carlos. Reflexões sobre a mística que deve animar a leitura orante da Bíblia, p.100-4. In ESTUDOS BÍBLICOS 32. ANTONIAZZI, A.;GRUEN, W. (orgs.). Métodos para ler a Bíblia. Petrópolis, São Leopoldo: Vozes, Editora Sinodal, 1991.

[4] SCHÖKEL, L.A.;SICRE DIAZ, J.L. Profetas. Madri: Ediciones Cristiandad, 1980, Comentário – 1, p.17.

[5] WEILLER, L. A mulher na Bíblia

[6] SCHNELLE, Udo. Introdução à exegese do Novo Testamento. São Paulo: Edições Loyola, 2004, Bíblica Loyola – 43, p. 178.

Esdras Costa Bentho
(RJ-Brasil)
é paraibano, casado com Ana Paula, e pai de Esdras Júnior e Philipe Bentho. É pedagogo, teólogo, escritor e redator das Lições de Jovens e Adultos da CPAD.

Luciano

Aprendendo com a Ira de Deus

22:14:00

(0) Comments


É interessante como pouco ou quase nada tem sido dito em nossos dias sobre a ira de Deus. Essa é, sem dúvida, uma das razões pelas quais a qualidade da vida espiritual de boa parte dos cristãos em nossos dias é baixa.
Perceba: eu disse “uma das razões”, e não “a razão”. Isso porque, como já escrevi em Como vencer a frustração espiritual, o problema do evangelicalismo hodierno é muito mais amplo. O que precisamos não é de uma onda de pregações especificamente sobre a ira de Deus ou de uma onda de mensagens sobre um outro atributo divino olvidado para que, finalmente, muitos cristãos sejam despertados e comece um avivamento. Precisamos de toda a Palavra, de “todo o conselho de Deus” (At 20.27), e não apenas de uma faceta da verdade. Agora, pregar todo o conselho de Deus inclui, obviamente, pregar integralmente sobre Deus (lembre-se que o mesmo Jonathan Edwards que pregou o célebre sermão Pecadores nas mãos de um Deus irado também ministrou várias vezes sobre a graça divina e muitos outros temas durante o Grande Despertamento norte-americano no século 18).
“Mas já não há muita prédica sobre Deus em nossos dias?” Sim, há, mas o problema é que a maioria esmagadora desses sermões gravita em torno do que Ele faz e pode fazer, e não em torno do que Ele é. Por isso, não é à toa que vemos tantos crentes reivindicando a ação divina a todo instante, porque tudo o que sabem sobre o Senhor diz respeito exclusivamente às Suas ações. Sua relação com Ele baseia-se mais no Seu poder, no que é capaz de fazer, do que na Sua pessoa e no Seu caráter. Quando perguntamos a esses crentes “Quem é Deus?”, a situação se complica. A maioria das definições tem um conteúdo vago e contraditório, e isso é extremamente preocupante.
É preocupante porque é impossível o crente ter um relacionamento perfeito com o Criador, e conseqüentemente ter uma vida espiritual sadia, sem conhecer a natureza e o caráter divinos. Já dizia A. W. Tozer: “Se pudéssemos extrair de qualquer pessoa uma resposta completa à pergunta ‘O que lhe vem à mente quando você pensa em Deus?’, poderíamos predizer com certeza o futuro espiritual dessa pessoa”. Sem um conhecimento básico sobre o que a Bíblia ensina sobre Deus, qualquer crente pode se encontrar, de repente, adorando uma caricatura de Deus pensando que está adorando o verdadeiro Deus.
Quem não conhece plenamente quem é Deus está mais suscetível para embarcar em alguma falsa representação teológica dEle e, assim, se machucar espiritualmente. Por outro lado, quem conhece a Deus pode relacionar-se com Ele de forma correta e crescer espiritualmente. A Palavra de Deus afirma: “...mas o povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo” (Dn 11.32).
O tipo de vida espiritual que muitos cristãos vivem hoje é, na maioria dos casos, justamente fruto de sua visão equivocada sobre quem é Deus. Há muitas caricaturas de Deus sendo propaladas por aí, todas bastante populares, e que têm levado inúmeros cristãos à frustração espiritual e/ou a bizarrias.
Por tudo isso, senti-me impelido a escrever este artigo sobre um dos atributos de Deus pouco abordados: a ira. E por que justamente a ira? Por dois motivos.
Primeiro, porque é extremamente impopular em nossos dias falar sobre esse atributo divino. Há até quem ache que não há valor nenhum em aprender sobe a ira de Deus. “Como aprender sobre a ira divina poderá afetar positivamente a minha vida espiritual?”
Para muitos cristãos, o amor divino é mais didático do que a ira divina, quando, na verdade, tanto um como o outro devem ser considerados, se queremos crescer espiritualmente. Não é à toa que o apóstolo Paulo assevera que devemos considerar tanto a bondade quanto a severidade de Deus, e nunca uma mais do que a outra (Rm 11.22).
E em segundo lugar, resolvi escrever sobre a ira divina porque a Bíblia a enfatiza. Se você analisar nas concordâncias bíblicas qual é o atributo de Deus mais mencionado nas Sagradas Escrituras, descobrirá que há mais referências à ira divina na Bíblia do que ao Seu amor e à Sua bondade. Isso significa que a ira de Deus é um tema importante para as Escrituras e, conclui-se, deve ser também para nós, cristãos.
Dito isso, quais são, então, as lições que aprendemos quando meditamos sobre a ira divina?
1) Concientizamo-nos mais ainda sobre a aversão que devemos ter em relação ao pecado – Estamos vivendo em uma época onde o pecado chega a ser celebrado como algo que “em certa dose é bom e saudável” (vide novelas, filmes e livros que falam sobre “a alegria” e “o prazer saudável” do pecado) ou onde, na melhor das hipóteses, ele é apresentado (às vezes sutilmente) como um detalhe de nossas vidas facilmente desculpável e com o qual não devemos nos preocupar tanto. Porém, quando meditamos na ira de Deus conforme apresentada na Bíblia, logo ficamos impressionados com o ódio que Deus tem do pecado. Portanto, meditar sobre a ira de Deus nos leva a reconsiderar o pecado, passando a enxergá-lo conforme a ótica divina.
O pecado não é algo que Deus eufemiza, minimiza ou considera de pouca importância. Deus odeia o pecado, Ele ojeriza-o. Como disse certa vez o teólogo A. W. Pink, “temos a tendência de dar pouca atenção ao pecado, encobrir sua hediondez, desculpá-lo; mas, quanto mais estudamos e pensamos no horror que Deus tem pelo pecado e Sua terrível vingança sobre ele, estaremos mais aptos a compreender a infâmia do pecado” (Os atributos de Deus, A. W. Pink).
2) A ira divina nos estimula à reverência, ao temor santo – Leia Hebreus 12.28 e 29 (muitos lêem apenas o versículo 28, esquecidos de que o versículo 29 é a continuação do raciocínio do 28). É importante dizer aqui que a reverência que devemos ter em relação a Deus não deve estar baseada em mero medo. A Bíblia mostra-nos que a reverência sadia a Deus é fruto (a) do nosso amor a Ele e (b) do reconhecimento que temos de Seus sentimentos sérios em relação ao que é certo (amor e apreço) e ao que é errado (ira e ojeriza). São esses dois elementos os ingredientes da reverência ao Senhor. Volto a lembrar o que disse Paulo: devemos considerar tanto a bondade quanto a severidade de Deus, ou seja, tanto Seu amor quanto a Sua ira. Só a bondade sem a severidade nos leva a adorar um deus bonachão. Só a severidade sem a bondade nos leva a servirmos a um deus carrasco. Já a bondade com a severidade nos aponta para o Deus da Bíblia.
3) A ira divina nos leva ao grato e fervente louvor pelo sacrifício de Cristo na cruz – O peso dos nossos pecados sobre Cristo é melhor compreendido quando meditamos sobre a ira divina. Jesus levou sobre si os nossos pecados, sofreu o castigo divino por eles, foi esmagado pelo peso da ira divina por todas as nossas faltas (Is 53); e em 1 Tessalonicenses 1.10, o apóstolo Paulo ainda ressalta que Jesus nos livra da “ira vindoura”.
Em várias passagens do Novo Testamento e do livro de Salmos, Deus é louvado pela Sua misericórdia que nos livra do peso da Sua ira, da destruição, do castigo, etc. Ou seja, meditar sobre a ira divina nos leva a considerar e reconhecer mais ainda a importância da graça e do favor do Senhor. Sem Sua misericórdia, seríamos destruídos (Lm 3.22,23).
Concluindo, volto a enfatizar que há outras facetas do caráter e da natureza de Deus que igualmente não devem ser relegadas. A ira de Deus é só um dos muitos aspectos que não devem ser esquecidos - e que, quando evocado, salienta ainda mais a importância do amor de Deus. Quem entende isso pode, como o apóstolo João em Apocalipse, olhar para o poderoso e temível Leão da Tribo de Judá e ver o humilde Cordeiro assentado sobre o trono (Ap 5.5,6). Sim, porque o Cordeiro é o Leão, e o Leão é o Cordeiro.

Silas Daniel
Ministro evangélico, casado, pernambucano radicado no Rio de Janeiro, conferencista, jornalista, articulista e escritor;

Luciano

O sentido do termo vingança na Bíblia

07:07:00

(0) Comments


Tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos, encontramos muitas passagens que falam de vingança como algo positivo, notadamente as passagens que se referem à vingança divina – fato que, às vezes, causa uma certa estranheza no leitor hodierno da Bíblia. Isso porque o termo vingança traz à nossa mente naturalmente a idéia de algo que não tem um valor ético louvável. Como, então, entender essa discrepância?
Como entender o fato de que, diferentemente do que aprendemos e está incutido em nossa mente, o termo vingança denota, em boa parte do texto bíblico, exatamente um valor correto? Por que, na maioria das vezes em que surge no texto sagrado, ele está carregado de um valor ético positivo e não de um sentido reprovável? Será que, no original das Sagradas Escrituras, os termos que ali aparecem para se referir à vingança, na verdade, não tratam exatamente de vingança?
A resposta é não. Por exemplo: o termo vingança aparece cerca de 70 vezes no Antigo Testamento e em todas elas o vocábulo usado no original é nãqam, que significa exatamente... vingança!
Como, então, é possível um sentido diverso?
O problema é que tem havido, nos últimos anos, principalmente depois que mergulhamos na "Era do Império do Politicamente Correto”, um mal-entendido em relação ao sentido e ao uso originais do termo vingança. A questão é que, eclipsados pela influência da onda do "politicamente correto", não percebemos que o termo vingança, em si mesmo, originalmente, não denota nenhum valor ético negativo. Sim, porque vingança, em si, nada mais é do que castigar ou punir alguém de quem recebemos uma lesão real, seja ela uma lesão em palavras ou atos. Lembremos que se não há lesão real, não há razão de ser para a vingança. Vingar é literalmente defender, indenizar, compensar, desafrontar, isto é, responder justa e proporcionalmente a uma lesão genuína. Em suma: vingar é fazer justiça. Quando um criminoso é condenado pelo seu crime, o lesado e a sociedade são vingados.
Entendido isso, vingança só se torna um mal quando é (1) fruto de um senso distorcido de justiça, (2) aplicada desproporcionalmente e (3) aplicada pelos meios e pelas pessoas erradas.
Em nossos dias, porém, o termo vingança é usado majoritariamente para designar a idéia de fazer justiça pelas próprias mãos, sem um julgamento justo e sem regras que respeitem os direitos do acusado. Ora, assim como toda a sociedade ocidental, a Bíblia condena esse tipo de coisa. Aliás, a sociedade ocidental condena esse tipo de vingança porque seu sistema jurídico foi erigido sobre os princípios judaico-cristãos.
Em síntese: o problema não está no uso do termo vingança na Bíblia, mas naquilo que aprendemos a visualizar quando ouvimos ou pensamos o termo vingança. A resistência que surge na nossa cabeça em relação ao uso desse termo se deve apenas à forma como o entendemos hoje. Quando lemos "vingança", imaginamos mero revanchismo, resposta ilegal ou desproporcional a um ataque justo ou injusto que sofremos; isto é, retribuir uma maldade com outra maldade. Mas, na maioria esmagadora das vezes em que o termo aparece na Bíblia, o sentido não é esse. Nesses casos, fala-se de vingança no seu sentido correto, primário, que é fazer justiça.
Em Apocalipse 6.10, por exemplo, vingança é vingança mesmo, a ser executada pelo Justo Juiz – Deus – como Ele promete.
Porém, por outro lado, é importante frisar duas coisas.
Em primeiro lugar, a Bíblia, de forma geral, desestimula os servos de Deus a buscarem vingança aqui na Terra. Em lugar disso, estimula os servos de Deus a exercerem o poder do perdão – e isso não só no Novo Testamento, mas no Antigo também (Lv 19.18). Isso porque o perdão exerce um poder transformador enorme tanto sobre a vida de quem é o ofendido quanto de quem é o ofensor. Sobre o ofendido, tem o poder de curar a ferida aberta; e em relação ao ofensor, tem o poder de fazer com que reflita sobre seus atos, caia em si, arrependa-se e mude seu comportamento. O amor constrange. O amor transforma. Mas, para isso, deve ser um perdão, um amor, não só em palavras, mas também em obras (Rm 12.20), o que só é possível pela ação do Espírito Santo em nossas vidas (Rm 5.5).
Por outro lado, em segundo lugar, quando Deus diz para seus filhos preferirem sofrer o dano em vez de procurar repará-lo, não está desautorizando de forma geral a reparação legal, muito menos a reparação via justiça secular em casos graves, mas querendo dizer que nunca devemos fazer justiça com as nossas próprias mãos e que devemos relevar as injustiças e maus tratamentos do cotidiano, que sofremos eventualmente no dia-a-dia. E mais: que devemos também confiar que o Senhor, que é o Justo Juiz, e que também foi ofendido por aquela ofensa ou ataque a seus filhos, irá vingar (julgar, compensar, reparar, punir, castigar) o mal feito a seus filhos.
Há também o fato, frisado nas Sagradas Escrituras, de que, independente de a punição secular ser dada ou não ao ofensor, o cristão ofendido deve sempre perdoar o ofensor e não retribuir o crime com outro crime, a maldade com outra maldade, o erro com o erro. Não retribuir o mal com o mal não quer dizer que, cometido um crime contra mim, minha família ou próximos, não devo denunciar o crime para que o criminoso seja preso e condenado pelos seus crimes. Não retribuir o mal com o mal quer dizer: “Não haja com ele da mesma forma que ele agiu com você. Não retribua maldade com maldade, injustiça com injustiça. E, apesar de tudo, não guarde mágoa ou rancor, mas perdoe e siga em frente”.

A vingança divina

Como já ressaltamos, quando a Bíblia usa o termo vingança, inclusive em relação a Deus, trata-se de vingança mesmo, porém não em sua forma equivocada, mas na forma correta: fazer justiça.
Inclusive, entendida à luz da santidade e justiça divinas, e contrabalançada com a misericórdia, a vingança de Deus é mais do que justa – é moralmente uma necessidade.
A vingança de Deus é uma atitude moralmente correta, pois Ele se vinga como paladino do Seu povo (Sl 94) e para castigar quem rompe Sua aliança (Lv 26.24,25), visando a estes um fim proveitoso (Hb 12.5 e Sl 119.71). Além do mais, Deus não é um Papai Noel, passando a mão na cabeça de todos. Por outro lado, nunca devemos olhar para a vingança de Deus deixando de lado Seu propósito de manifestar misericórdia. Enfatiza o apóstolo Paulo que devemos considerar tanto a bondade como a severidade de Deus (Rm 11.22). Como afirmou certo teólogo, “Ele é o Deus da ira a fim de que sua misericórdia faça sentido”. Deus não é um papai bonachão, mas também não é um déspota iracundo. Deus é paciente, Ele é "tardio em irar-se" (Nm 9.17; Sl 103.5; 145.8; e Jn 4.2) e longânimo (Êx 34.6).
A ira divina não é como a humana, posto que não leva Deus a ações insensatas, impulsivas ou imorais. Lembremos que o Justo Juiz é sábio e onisciente, justo e santo. Sua ira é uma manifestação de seu caráter, portanto é uma ira justa. O teólogo britânico James Packer lembra que “a ira de Deus é sempre judicial. A essência da ação de Deus na ira é dar aos homens aquilo que escolheram. Os homens é que escolhem a ira de Deus”.
Deus, o perfeito Juiz, retribui o bem com o bem e o mal com o mal. Ele estaria contrariando seu caráter de santidade e justiça caso permitisse que o pecado e a rebeldia ficassem sem castigo. “Então, por que às vezes Ele se demora em executar seu juízo?” Essa é uma outra questão. Não temos certeza de quando Ele executará, mas que o fará, sim. Além disso, o Juízo Final nada mais é que a execução final e definitiva do juízo de Deus sobre os ímpios.

A vingança por mãos humanas

Por fim, considerarei agora, mais detidamente, a vingança por mãos humanas.
Interessante que daquelas cerca de 70 vezes a qual nos referimos em que o vocábulo nãqam (vingança) aparece no Antigo Testamento, na maioria delas o homem é a causa secundária. Deus é que aparece como a origem (Ez 25.14; Js 10.13; Dt 32.35,41 e Nm 31.2-3). A Bíblia adverte que os homens não podem tomar vingança das próprias mãos (Lv 19.18; Dt 32.25). O próprio Deus (Dt 32.35) e Paulo (Rm 12.19) advertem contra termos um espírito vingador.
Por causa de versos que falam de um ódio justo contra os inimigos de Deus, tendemos a achar que o Antigo Testamento ensina que sempre se deve odiar os inimigos. Paulo, ao citar Provérbios 25.21-22 (Rm 12.20), mostra o contrário. Os antigos hebreus, como muitos cristãos hoje, aplicaram erradamente a doutrina da vingança divina, usando-a como desculpa para alimentar seu forte ressentimento. Jesus, em Mateus 5.43-45, 19.19 e Marcos 12.13, está referendando Levítico 19.18.
Quanto à instituição do vingador de sangue, durante a implementação da Lei Mosaica, era algo de natureza estritamente legal que supria uma necessidade de justiça numa sociedade tribal. O olho por olho não era para ser praticado por particulares, mas só depois de um processo judicial e com a sanção divina. As cidades de refúgio representaram um aperfeiçoamento, proporcionando justiça em casos de homicídio involuntário (Nm 35.9-28).
Ou seja, a Bíblia não condena o fazer justiça, mas apenas (1) o fazer justiça pelas próprias mãos, (2) sem ser pelas vias legais (3) e, mesmo que seja pelas vias legais, atribuindo ao culpado uma punição desproporcional. Mas, não só isso: exorta-nos a não guardarmos mágoa ou rancor, mas perdoarmos e seguirmos em frente.
(A pedido de alguns leitores, segue bibliografia que serviu de base para o conteúdo desta reflexão: Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, vários autores; O Conhecimento de Deus, James Iann Packer; Os Atributos de Deus, A.W.Pink; e o artigo A Vingança e a Bíblia, de minha autoria, publicado no jornal Mensageiro da Paz de outubro de 2001).

Luciano

DANÇAR NO CULTO É PECADO?

11:59:00

(3) Comments


A Revista Enfoque Gospel, na edição 84 de Jul/2008, publicou uma matéria intitulada EVANGÉLICOS E A DANÇA: PODE OU NÃO PODE?, onde consta a opinião de pastores, de músicos e de uma coordenadora de Ministério de Danças.
"dançar é: “movimentar o corpo em certo ritmo geralmente seguido de música. Ir de um lado para outro, balançar” (Enfoque)

O fato é que nas igrejas evangélicas (incluindo nas Assembléias de Deus), há pelo menos quatro posicionamentos sobre o assunto:

1. Os que abominam radicalmente a idéia da dança no culto;

2. Os que ficam em cima do muro e chamam de "grupo de gesto" ou "grupo de coreografia" (uma questão de semântica) o que na verdade é grupo de dança (só não enxerga quem não quer). Batem palmas, batem o pé, levantam as mãos, balançam discretamente o corpo, mas não "dançam";

3. Os que entendem que a dança, dependendo do contexto cultural, da sinceridade e da espiritualidade do cristão pode fazer parte do culto (por exemplo nas igrejas Africanas, comunidades indígenas, contextos culturais brasileiros etc), desde que não promova escândalo, visto que espírito, alma e corpo fazem parte da adoração a Deus;

4. Os que liberaram geral e transformaram o culto em balada, baile funk, forró pé de serra, apresentação teatral etc.;

Faço parte do terceiro grupo. Já ouvi e li muitos argumentos aprovando ou reprovando a dança no culto, a grande maioria baseados naquela velha questão: se a Bíblia não reprova então pode, ou ainda, se a Bíblia não aprova então não pode (ambos fundamentados no silêncio da Bíblia sobre o assunto, em especial no Novo Testamento).

Respeito as opiniões contrárias, esta é a minha, e creio que é centrada num entendimento equilibrado dos princípios bíblicos que norteiam a adoração em espírito e em verdade.

"Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade." (Jo 4.23-24)
Postado por;
ALTAIR GERMANO,
42, pastor, teólogo, pedagogo, casado com Elizabeth, pai de Alvaro e Paulo. Presidente do Diretório Estadual da Sociedade Bíblica do Brasil em PE, membro do Conselho Consultivo e do Comitê Nacional de referência e apoio ao Ano da Bíblia da Sociedade Bíblica do Brasil, secretário do Conselho de Educação e Cultura Religiosa da CGADB, presidente do Conselho de Doutrina da UMADENE, superintendente geral da EBD da AD em Abreu e Lima - PE, capelão e professor da FATEADAL.

Luciano

ESCOLA DOMINICAL CONVENCIONAL x A NOVA ESCOLA DOMINICAL

11:36:00

(1) Comments


Instituições e pessoas que não se adequam às novas realidades, acabam ficando obsoletas e ultrapassadas. Isto não é diferente em se tratando de Escola Dominical. Contextualizar-se sem secularizar-se é fator vital para uma organização de ensino que espera continuar relevante em pleno século XXI. Dois tipos de Escolas Dominicais co-existem atualmente: A Escola Dominical convencional e a Nova Escola Dominical.

Observemos as principais diferenças entre esses dois tipos de escolas:

- ED CONVENCIONAL: O Dirigente/Superintendente decide só. Prevalece o autoritarismo.
- A NOVA ED: As decisões são feitas em conjunto com membros da liderança, corpo docente e discente.

- ED CONVENCIONAL: Só funciona aos Domingos pela manhã.
- A NOVA ED: Ajusta-se às peculiaridades de cada região e localidade.

- ED CONVENCIONAL: Não se admite outro espaço para funcionamento, a não ser o templo.
- A NOVA ED: Admite outras possibilidades de espaços físicos (escolas, associações, etc.) mais adequados.

- ED CONVENCIONAL: Se conforma com dirigentes e professores ultrapassados, descontextualizados e fossilizados.
- A NOVA ED: Investe e incentiva a formação inicial e continuada da liderança e dos professores.

- ED CONVENCIONAL: Os professores são os donos da verdade e detentores do conhecimento.
- A NOVA ED: Professores e alunos participam na busca pela verdade e na construção do conhecimento.

- ED CONVENCIONAL: Os alunos aprendem em silêncio.
- A NOVA ED: Os alunos participam ativamente das aulas.

- ED CONVENCIONAL: A tradição e os costumes estão acima da Bíblia.
- A NOVA ED: A Bíblia é a palavra final acerca de tradição e costumes.

- ED CONVENCIONAL: É mera reprodutora de doutrinas, conhecimentos, saberes e informações.
- A NOVA ED: Adota e promove uma atitute crítico-reflexiva sobre doutrinas, conhecimentos, saberes e informações.

- ED CONVENCIONAL: O relacionamento entre professor e aluno é formal.
- A NOVA ED: A amizade e a afetivadade na relação entre professor e aluno é valorizada.

- ED CONVENCIONAL: Preocupa-se apenas com a vida dos alunos em sala de aula.
- A NOVA ED: Procura conhecer e preocupa-se com a realidade familiar, social, etc. de seus alunos.

- ED CONVENCIONAL: Trata as crianças como pequenos adultos.
- A NOVA ED: As características de cada faixa etária infantil são conhecidas e respeitadas pelos professores.

- ED CONVENCIONAL: Exige dos alunos sem considerar as suas diferenças pessoais.
- A NOVA ED: Respeita plenamente as diferenças de assimilação de conteúdos entre os alunos.

- ED CONVENCIONAL: As aulas e demais atividades pedagógicas são improvisadas.
- A NOVA ED: Todas atividades são devidamente planejadas.

- ED CONVENCIONAL: Utiliza de forma demasiada e cansativa o método de ensino expositivo.
- A NOVA ED: Os professores diversificam os métodos de ensino e dinamizam as aulas.

- ED CONVENCIONAL: Negligencia a utilização dos recursos didáticos.
- A NOVA ED: Valoriza e incentiva a utilização dos recursos didáticos.

- ED CONVENCIONAL: Enfatiza a quantidade de saberes adquiridos pelos alunos.
- A NOVA ED: O progresso integral do alunos é enfatizado (saber, ser, fazer, relacionar-se)

- ED CONVENCIONAL: Ignora as Novas Tecnologias de Informação (NTI)
- A NOVA ED: Promove um maior contato de dirigentes, professores e alunos com as NTI (estimulam o acesso e a criação de sites, blogs, orkut, MSN , etc) sempre buscando enriquecer o processo ensino-aprendizagem.

- ED CONVENCIONAL: Coloca toda responsabilidade do processo ensino-aprendizagem no Espírito Santo.
- A NOVA ED: Entende que o Espírito Santo é um ajudador no processo ensino-aprendizagem.

- ED CONVENCIONAL: Está com os dias contados.
- A NOVA ED: Encontra-se em pleno crescimento.

Qual o perfil da Escola Dominical que você dirige, ensina ou estuda? É do tipo "convencional", ou está adequada às demandas e desafios dos novos tempos?

Luciano

Ansiedade: uma visão teológica

07:13:00

(0) Comments


Vincent van Gogh

Introdução

Embora a ansiedade seja um sentimento próprio e comum ao homem, Deus não o criou para viver ansioso. O Senhor o fez perfeito, justo e bom. Criado à imagem de Deus, o homem desfrutava de completa harmonia orgânica, mental, espiritual e sentimental. Ele era completo. A natureza do homem refletia à imagem moral e natural do Senhor. A imagem moral diz respeito aos atributos morais (amor, justiça, verdade, bondade, etc), enquanto a natural aos atributos da personalidade e natureza humana (livre-arbítrio, razão, emoção, etc). O equilíbrio entre a imagem moral e natural era a razão da felicidade, saúde, paz e quietude humana. Nem mesmo as obrigações do homem no jardim do Éden ("lavrar" e "guardar") roubavam-lhe a serenidade, pois tudo estava em completa harmonia e integridade. Porém, com a Queda, as imagens natural e moral sofreram profundas mudanças, decorrentes da desobediência do primeiro casal. A harmonia entre espírito, alma e corpo foi terrivelmente afetada. Os desejos do homem opuseram-se à sua vontade. O conflito se estabeleceu; o pecado dominou; e o homem passaria a comer "no suor do teu rosto" (Gn 3.19). Por conseguinte, a ansiedade e os cuidados com a vida humana tornaram-se parceiras indissociáveis do labor humano. A aflição, angústia, e fobia acompanharam, desde então, as realizações humanas. Ainda hoje a natureza humana é estigmatizada por esses dolorosos sentimentos.

Definição

A ansiedade é um estado emocional mórbido, doloroso, marcado por inquietude, medo e perturbação do sistema nervoso central. É um mal-estar físico e psíquico que aflige e afeta as emoções humanas provocando inquietude, preocupação, algumas vezes, indevida. A ansiedade manifesta-se diante de várias situações, entre elas: de um perigo real ou presumido; expectativa; entrevista de emprego; grandes decisões; sentimento de incapacidade, entre outras. Vejamos dois tipos básicos de ansiedade: natural e crônica.

a) Ansiedade natural: Este tipo de ansiedade está intrinsecamente relacionado à natureza humana. Certo grau de ansiedade ajuda o indivíduo a se preparar para certos desafios. Essa ansiedade se caracteriza por um sentimento positivo de preocupação advindo das prementes responsabilidades do indivíduo.

b) Ansiedade crônica: Esta forma de ansiedade é doentia, crônica e responsável pelo mal-estar físico e psíquico do indivíduo. Apresenta diversas reações orgânicas, como a sudorese, fadiga, cefaléia, taquicardia, nervosismo. Como doença emocional, manifesta-se: a fobia, a insônia, o estresse, a confusão mental, a inquietude, entre outros. Mesmo na vida teologal, a ansiedade crônica é um estorvo, pois os sintomas emocionais e físicos, de uma forma ou de outra, afetam a vida espiritual do crente. Entre os sintomas teologais, podemos destacar: dificuldade de meditar na Palavra de Deus, fruto da inquietude; fé vacilante, etc.

Visão Teológica da Ansiedade

Como afirmamos na introdução, Deus criou o homem perfeito. A ansiedade crônica, teologicamente considerada, é fruto do pecado. A desobediência dos nossos primeiros pais afetou a harmonia entre espírito, alma e corpo. A ansiedade não é uma doença do corpo, mas da alma que almeja, que sente, que ama, que teme. É a condição humana após a Queda. Algumas vezes, a ansiedade crônica é acompanhada de um grau de culpa, como por exemplo, a dos irmãos de José, em Gn 42.21. O substantivo hebraico tsar, traduzido pela ARA por "ansiedade", é usado em diversos contextos, mas em Gn 42.21, refere-se a angústia, aflição e ansiedade advindas da culpa, da consciência perturbada pelo erro, pelo pecado. Neste aspecto, temos a ansiedade como produto da culpa, do erro, do pecado. Um outro vocábulo que descreve esse tipo de doença, que agora não aparece mais como sendo do corpo ou da alma, mas do espírito, note bem "do espírito", é mōrek. Este termo aparece em Lv 26.36 no contexto em que Deus "põe sua face contra os judeus" (v.17). O vocábulo significa fraqueza, e procede de uma raiz cujo sentido é "mole", "suave" ou "macio". O castigo divino sobre o povo seria o de "amolecer-lhe" o coração diante dos inimigos de tal forma que teriam fobia do barulho de uma simples folha. A ARA traduz a palavra por "ansiedade", descrevendo o medo incontido oriundo de tal emoção. Os temos que descrevem a ansiedade na Bíblia, principalmente no Antigo Testamento, são vários: Sl 38. 9 ('ănāchâ – gemer, suspirar [ansiedade/ARA]); Pv 12.25 (de'āgâ – apreensão, cautela, medo [ansiedade/ARA]). Basta apenas conferir em uma boa concordância hebraica para encontrar outros sentidos. Um termo grego usado em Mateus 6.25, merimnaō, traduzido por "cuidadoso" (ARC) e "ansioso" (ARA), significa "estar indevidamente preocupado", "ter ansiedade", ou "estar em ansiedade desnecessária". Nos versículos 25-27, Jesus apresenta a inutilidade desta emoção, mas em 28-33 ensina a confiar na graça diária de Deus para a provisão das necessidades e cura da inútil ansiedade.

Nas ciências que estudam a psique humana é comum atribuir uma relação de afinidade e relação de causa e efeito entre a alma e o corpo, orgânico e psíquico, chamado de psicossomático (psychē [mente, alma], sōma [corpo; físico]). Esta relação já demonstrou-se incontestável. Todavia, teologicamente, a Bíblia reconhece, mas não se limita à relação entre o orgânico e o psíquico, entre a psychē e a sōma, pelo contrário, avança. No episódio de 1 Samuel 16.14-23, naturalmente, a psicologia moderna apontaria Saul como um maníaco-depressivo-criminógeno, e na verdade o era. Contudo, as causas de sua doença não são resultados apenas dos aspectos orgânicos e psíquicos, mas espirituais.

Teologicamente considerada, a doença de Saul era de origem espiritual; para usar um neologismo, não era apenas psicossomática, mas pneumatosomapsicológica (pneuma/espírito; sōma/corpo; psychē/alma). Os problemas orgânicos e psíquicos eram procedentes de "espíritos" que o atormentavam, refletindo sobre todo o ser do rei Saul. A experiência cristã tem confirmado sobejamente esta constatação.

Ansiedade: uma meditação

O melhor e mais eficaz antídoto contra a ansiedade é a confiança inabalável nas palavras de nosso Senhor Jesus. Ele ordenou: "Não vos inquieteis". A gélida lágrima e o frio soturno da desesperança se dissiparam ante o sussurro da fé de Ana (1 Sm 1.10,13,15). Enquanto orava, o Espírito a confortava: "Não vos inquieteis" (Rm 8.26). A latente dor de Ana era manifestada apenas no altar da oração, refúgio dos oprimidos e ansiosos (Ap 8.3,4). Ela perseverava diante de Deus, mesmo quando as lágrimas e os verbos lhe faltaram (Cl 4.2). O cicio melancólico foi rompido e vencido pela convicção interna de que Deus a ouvira (1 Sm 1.18,19). "Não vos inquieteis"! O mesmo Deus que socorreu e confortou a Ana é o mesmo que o toma pela mão direita e diz: "Não vos inquieteis"! (Sl 73.23).
Esdras Costa Bentho
(RJ-Brasil)
é paraibano, casado com Ana Paula, e pai de Esdras Júnior e Philipe Bentho. É pedagogo, teólogo, escritor e redator das Lições de Jovens e Adultos da CPAD.

Luciano

A Revelação e a Comunicação de Deus aos Homens

07:01:00

(0) Comments


Definição da Doutrina

A doutrina da Comunicação de Deus aos homens é amplamente confirmada nas páginas das Sagradas Escrituras. Este ensino subordina-se a um outro: o da Revelação de Deus aos homens. A Doutrina da Revelação de Deus trata da manifestação que Deus faz de si mesmo e de sua vontade aos homens (Am 3.7).

Necessidade da doutrina

A doutrina da Revelação de Deus aos homens não é apenas necessária como também plausível. Dois fatores tornam essa doutrina indispensável: o implícito e explícito.

a) Implícito: O fator implícito diz respeito ao que Deus é em sua natureza incomunicável, transcendente, infinita, incapaz de ser conhecido pela razão, cognoscibilidade ou aferimentos humanos (Jo 1.18; 1 Tm 6.16). Em diversas perícopes as Sagradas Escrituras afirmam a incapacidade humana em conhecer a Deus em sua plenitude e glória: Ele habita em "luz inacessível" (1 Tm 6.16) e "nunca foi visto por alguém" (Êx 33.20; Jo 1.18).

b) Explícito: O fator explícito refere-se à natureza finita, temporal e vulnerável do homem. O cognoscível não é capaz de apreender o Incognoscível; o finito não compreende o Infinito; o mortal está aquém do Eterno: "Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento" (Is 40.28).

Definição de Revelação

a) Antigo Testamento. O hebraico bíblico possui diversas palavras que correspondem ao termo "revelação" na língua portuguesa. Contudo, o vocábulo gālâ, isto é, "descobri", "revelar", "tirar" é usado em sentido reflexivo com o significado de "desnudar-se" ou "revelar-se", como por exemplo, na revelação de Deus a Jacó (Gn 35.7). A Septuaginta (LXX) traduz o vocábulo na passagem citada por "epephánē", "manifestação", "aparição", ou "revelação" (epifania).

b) Novo Testamento. O grego neotestamentário emprega a palavra "apokalypsis" com o sentido de "revelar" ou "desvendar". Lucas (2.32), por exemplo, a emprega com a conotação de "tirar o véu", "revelar" – "phos eis apokalypsin". Em seu aspecto geral ou particular, revelação sempre estará atrelada aos conceitos de "manifestar", "tornar claro", "tirar o véu", "dar a conhecer" (Rm 16.25).

Por conseguinte, a doutrina da revelação de Deus nas Escrituras descreve a comunicação, revelação e manifestação sobrenaturais de Deus ao homem, revelando sua mensagem, propósitos e decretos.

Revelação e Teofanias

Teofania é um termo grego composto pelo substantivo "theós" e pelo verbo "phaneróō" que significa "revelar", "mostrar" ou "fazer conhecido". Teofania é o modo múltiplo, variegado, misterioso com que Deus se revela ou se manifesta ao homem. As teofanias são desdobramentos da revelação de Deus, de sua natureza, caráter e atributos de modo compreensível ao homem. As teofanias são:

a) visíveis (Gn 16.11,13; Êx 3.2-6; 19.18-20; Dn 7.9-14, etc), ou

b) audíveis (Gn 3.8; 1 Rs 19.12,13; Mt 3.17, etc).

Através dessas passagens percebemos que as teofanias, como veículos da revelação de Deus, podem ser:

a) humana (Gn 18.1,2,13,14),

b) angélica (Jz 2.1; 6.11,14), e

c) não humana (Gn 15.17; Êx 19.18-20).

Algumas dessas manifestações são, de acordo com muitos biblicistas, "cristofanias" (Jo 12.40,41).

Nas teofanias sempre é Deus quem toma a iniciativa de se auto-revelar. Essas manifestações são parciais, temporárias e não descrevem a completude da natureza divina. A única revelação permanente e completa do Pai foi realizada na Encarnação do Filho que, embora distinto do Pai, participa da mesma divindade (Jo 1.1,14-18).

Revelação Passiva e Ativa

A revelação de Deus deve ser entendida como o instrumento de imediata comunicação de Deus ao homem. Na revelação, Deus auxilia os homens a compreenderem Sua natureza e propósitos (Dt 4.29; Jr 33.3). As Escrituras demonstram vários níveis dessa comunicação, seja particular seja coletiva (Gn 2.16; 3.8,9; Gn 12.1; 15.1; 18.16; Êx 3.4; 19.3,9; 1 Sm 3.1; Is 6.1). Isto posto, a revelação proveniente e determinada por Deus é uma comunicação pessoal. O alvo final da revelação divina é que o homem venha conhecer a Deus de modo real e pessoal. Essa revelação manifesta-se bilateralmente:

Revelação ativa: É a revelação direta de Deus, enquanto Se dá a conhecer aos homens (Êx 3.1-6).

Revelação passiva: É o conhecimento de Deus que é passado de geração a geração (Dt 4.10).

A revelação passiva é o conhecimento de Deus que é comunicado aos homens através de um interlocutor, enquanto a ativa é a revelação direta de Deus ao homem, sem qualquer intermediário. Na passiva, Deus não se revela diretamente ao homem como o fez com Moisés, mas usa um intermediário (profeta, sacerdote, anjos, etc) para comunicar à sua mensagem aos seus servos.

No âmbito da revelação passiva é que encontramos a Revelação Geral de Deus (Gn 1; Sl 119; 148; Rm 1.20-23). Revelação Geral é o termo teológico que descreve uma forma de "teologia natural" (Sl 8; 19.1). Essa revelação acha-se impressa na criação. Apesar de não ser uma revelação pontifícia, como a Revelação Especial – o Logos Encarnado (Logos Theou) – e a Epistemológica (Rhema Theou), contudo, possui predicativos suficientes para que o homem conheça a Deus e o adore, bem como servirá de base para o julgamento dos ímpios (Rm 1.21-32; 2.1-8).

A Revelação Geral ocorre de duas formas distintas: uma revelação externa na criação, a qual proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus e; a revelação interna da razão e da consciência em cada indivíduo (Rm 12.16; Jo 1.9).

A teologia cristã reconhece tanto a Revelação Geral quanto a Especial, como dois modos progressivos da auto-revelação de Deus. Porém, o ápice da revelação divina ocorre através do Verbo Vivo e da Palavra Escrita (Jo 1.1,14-18; 14.8,9; Hb 1.1-3). Estas revelações são os desvendamentos que Deus faz de si mesmo aos homens de modo imediato e sobrenatural. O Logos Encarnado revelou o Pai. A Palavra escrita registrou essa revelação e o seu progresso (Hb 1.1-3; 2 Pe 1.10,21; Gl 1.12). O propósito da revelação de Deus é que o ser humano o conheça, ame-o e o adore (Is 43.7; Sl 22.22; 149.6).

Proposições dogmáticas

a) As Escrituras pressupõem não apenas que Deus pode ser conhecido, mas que realmente é conhecido, porque Ele Se revela a Si mesmo;

b) O conhecimento de Deus revelado ao homem é justamente aquele que satisfaz a fome de natureza espiritual;

c) O conhecimento de Deus revelado resulta em adoração e obediência inteligente à Sua vontade;

d) Deus pode ser conhecido à medida que Se revela a Si mesmo ao se comunicar com os homens;

e) Através do conhecimento de Deus o homem fica habilitado a reconhecer as verdadeiras manifestações ou revelações da natureza e da vontade do Senhor.

f) As Escrituras ensinam a impossibilidade de se conhecer a Deus em Sua natureza transcendental (Jó 11.7; 1 Tm 3.16);

g) A finalidade das Escrituras é a de fazer Deus conhecido por Suas atividades na história e nas experiências que homens fiéis tenham com Ele (Rm 1.19).

Esdras Costa Bentho
(RJ-Brasil)
é paraibano, casado com Ana Paula, e pai de Esdras Júnior e Philipe Bentho. É pedagogo, teólogo, escritor e redator das Lições de Jovens e Adultos da CPAD.

Luciano

A "COISIFICAÇÃO" DO MINISTÉRIO PASTORAL

06:46:00

(0) Comments


Um fenômeno tem preocupado aqueles que de maneira crítica, lançam seus olhares sobre a prática pastoral na igreja evangélica brasileira. Falo da "coisificação" do ministério pastoral.


Pastor virou "gestor". O pastor não dedica mais o seu tempo para cuidar de pessoas. As coisas e os negócios da igreja se tornaram prioridades.

O tempo que deveria investir em oração e na leitura devocional da palavra (relação pessoal de comunicação com Deus), e na visitação (relação pessoal de comunicação com os santos), é empreendido agora na administração dos negócios, no acompanhamento das contas, nas visitas às construções e em outras vária atividades impessoais.

Falo principalmente dos pastores de tempo integral (e neste caso me incluo). O tempo do pastor de "tempo integral", não é mais tempo integral para ser pastor. O pastor é superintendente de órgãos e departamentos, professor do seminário, presidente ou membro de conselhos, comissões e convenções. No caso de pastores que dividem o tempo entre trabalho secular, família e igreja, o tempo dedicado para esta última, deveria ser totalmente aproveitado para a atividade exclusivamente pastoral.

O pastor pode exercer as funções acima descritas, o que não dá é torná-las prioridade ministerial. Nos casos mais extremos, os pastores que produzem mais em outras atividades, sem ser as atividades pastorais junto a congregação, deveriam se (ou serem, no caso de pastores auxiliares) afastar destas, para dedicarem-se inteiramente aquelas.

Amado companheiro e pastor de tempo integral, no que estás envolvido neste exato momento? Estás dedicando tempo para si mesmo e para a sua família? Estás atendendo no gabinete pastoral? Fos-te fazer algumas visitas aos enfermos? Estás na busca de alguma ovelha perdida? Fos-te realizar uma cerimônia fúnebre? Estás orando, lendo ou estudando a Bíblia para se alimentar e prover alimento para o rebanho? Estás envolvido em atividades evangelísticas?

Ultimamente, a relação pessoal (se assim pode ser chamada) entre muitos pastores e as igrejas que pastoreiam (ou administram), limita-se aos contatos na escola dominical, no culto dominical e nos cultos de ensino bíblico (ou de doutrinação).

Entendo que parte deste grande problema é uma questão econômica. Para que pagar (ou contar com a ajuda voluntária) de diáconos ou outros membros para tratar dos negócios administrativos (das coisas), quando se pode explorar os pastores, e dessa maneira, economizar alguns reais dos cofres da igreja?

Penso ser também uma questão de reprodução de um modelo centralizador e clerical, onde o pastor é o detentor de todos os saberes e habilidades, o único apto, capaz e vocacionado para o exercício com excelência de todos os dons espirituais e ministeriais. Pobre e medíocre visão.

Precisamos de um ministério pastoral mais humanizado e menos coisificado. Para isto é necessário descentralizar as tarefas e rever as prioridades do ministério pastoral no atual contexto da igreja evangélica brasileira.

Luciano

O Fator Livre-arbítrio em Relação à Salvação do Homem (Parte 1)

22:07:00

(0) Comments


Motivei-me a desenvolver este artigo, principalmente, por perceber que existe muito radicalismo por parte de uns e um pensamento distorcido acerca do amor divino por parte de outros em relação a esse tema polêmico tratado pela soteriologia, uns se denominam arminianos, outros calvinistas e parece até que posso ver diante de meus olhos algo muito parecido acontecer na igreja de Corinto (1 Co 3.1ss). É comum ouvirmos alguém dizer: “Calvino estava com a razão”, no mesmo instante um defensor inveterado de Armínio responde: “Que nada! Armínio é que estava certo!”. Será que a Bíblia já perdeu a sua suprema autoridade sobre nós? Afinal, quem está certo é Calvino, Armínio ou a Bíblia Sagrada?!

Antes de mostrar o que a Bíblia diz, quero mostrar os cinco pontos principais do calvinismo e do arminianismo e quero informar que apesar de me mostrar mais voltado ao pensamento arminiano, não me considero um defensor desse pensamento, pois encontro falhas nele, assim como encontro no calvinismo. Como já dei a entender, a Bíblia Sagrada é minha única fonte de verdade infalível e inerrante para o desenvolvimento desse artigo.

Calvinismo:

1 - Depravação Total: O estado de morte espiritual do homem o impossibilita de escolher a salvação;
2 - Eleição Incondicional: Deus elegeu para si alguns dentre todos os homens sem levar em conta seus méritos, boas obras ou fé;
3 - Expiação Limitada: O sacrifício de Jesus serviu para salvar apenas os eleitos;
4 - Graça Irresistível: A vontade do homem não influi na sua salvação, todos os que Deus eleger serão convencidos pelo Espírito Santo a aceitar a fé salvadora;
5 - Perseverança dos Santos: Uma vez salvo, salvo para sempre, portanto, não é possível alguém ser realmente salvo e perder a salvação.

Arminianismo:

1 - Livre Arbítrio: Embora o homem seja pecador, ele tem a capacidade de escolher a salvação oferecida por Deus;
2 - Eleição Condicional: Deus elegeu os homens através de sua pré-ciência, ou seja, ele sabe quais os homens quem corresponderão ao seu chamado;
3 - Expiação Ilimitada: Cristo morreu por todos os homens e não somente por alguns eleitos;
4 - Graça Resistível: Os homens podem resistir à graça de Divina escolhendo o pecado e não a salvação;
5 – Decair da Graça: Qualquer salvo pode, no decorrer de sua vida, perder a sua salvação se não perseverar até o fim.

Não tenho a intenção de tratar de cada ponto das duas correntes, quero me focar no que a Bíblia Sagrada diz a respeito do livre-arbítrio do homem, afinal, era assim que se fazia em Beréia (At 17.11). Vale salientar também que a posição de qualquer que seja o pregador ou a igreja, por mais sério ou séria que possa ser, não pesa mais do que a Palavra de Deus nessa balança (Ef 2.20).

O homem tem a capacidade de escolher entre o bem e o mal?

De acordo com a minha Bíblia, sim. Seria difícil de acreditar que Deus sendo justo, condenaria alguém à perdição eterna por ter feito algo que não poderia evitar, por um caminho que não escolhera por si só (Gn 18.25; Dt 32.4; 1 Jo 3.7). Você lembra-se do que Deus falou ao povo de Israel por intermédio de Moisés pouco antes do mesmo morrer? Deus fez uma lista de bênçãos que o povo de Israel receberia se fosse fiel a ele e uma lista de maldições que os mesmos receberiam se lhe desobedecessem, e no final da profecia ele diz: “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, Amando ao SENHOR teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e achegando-te a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; para que fiques na terra que o SENHOR jurou a teus pais, a Abraão, a Isaque, e a Jacó, que lhes havia de dar.” (Dt 30.19,20 - Grifo meu). Ora, Deus fala a Israel que eles deveriam escolher se queriam o Senhor ou os ídolos, a vida ou a morte, e depois lhes diz que deveriam “dar ouvidos à sua voz e achegar-se a ele” e ainda vem alguém se apoderando de versículos fora de contexto para tentar provar que o homem não tem capacidade de escolha em se tratando da salvação! Porém não posse deixar de falar que o Espírito Santo tem um papel fundamental e indispensável nessa decisão do homem, a Bíblia diz: “E, quando ele [O Consolador] vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.” (Jo 16.8), e diz mais: “Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.” (1 Co 12.3). Acredito que estes versículos postos em contraste com Dt 30.19 dão um nó na cabeça de alguns, mas não há contradição, o que nós percebemos ao lê-los é que Deus capacita-nos a crer nele ao falar conosco por intermédio de sua Palavra (Rm 10.17), mas nós ainda assim, participamos com nosso desejo de salvação, com nossa entrega, com nossa renúncia, com nosso compromisso com ele. É Deus quem toma a iniciativa, afinal, ninguém pode chegar-se a Deus por seus próprios esforços, Deus se revelou ao mundo por seu Filho Jesus Cristo, ele estendeu a sua mão, mas nós não somos obrigados a segurá-la para sairmos da lama chamada pecado, pelo contrário, somos chamados por ele, mas nem todos ouvem sua voz: “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Não endureçais os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no deserto.” (Hb 7,8 - Grifo meu).

Um episódio interessante das Escrituras foi a repreensão que Jesus deu aos escribas e fariseus: “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.” (Mt 23.13 - Grifo meu). Agora reflita, se o reino dos céus pode ser fechado por alguém que o anuncia erroneamente de forma que os que são enganados são impedidos de entrar nele, então como pode haver eleição individual para salvação? Desse modo, nada poderia impedir um eleito de ser salvo, nem mesmo um fariseu ensinando meios humanamente impraticáveis de se chegar a Deus! Porém Jesus fala de forma clara que os fariseus estavam impedindo que muitos entrassem no reino dos céus. Isso mostra que para sermos salvos precisamos ser alcançados por Deus ao ouvir o verdadeiro e puro Evangelho. Essa passagem demonstra claramente um desejo, por parte dos prosélitos, de servir ao Deus verdadeiro, mas ainda não o haviam encontrado (ler Rm 10.14-18).

Outro texto interessante sobre o assunto em questão é este: “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” (Gn 4.7). Veja só, o Senhor, depois de o homem ter caído, diz a Caim que ele deveria dominar os seus desejos fazendo uma escolha entre o bem e o mal, por que ele diria isso a Caim se o mesmo não tivesse a capacidade de escolher entre o bem e o mal? Essa é a resposta que nenhum dos que defendem essa idéia jamais me respondeu, nem o podem fazer. Agora veja o que o próprio Deus fala de Israel quando o mesmo vivia em apostasia: “O que imola um boi é como o que comete homicídio; o que sacrifica um cordeiro, como o que quebra o pescoço a um cão; o que oferece uma oblação, como o que oferece sangue de porco; o que queima incenso, como o que bendiz a um ídolo. Como estes escolheram os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas suas abominações, assim eu lhes escolherei o infortúnio e farei vir sobre eles o que eles temem; porque clamei, e ninguém respondeu, falei, e não escutaram; mas fizeram o que era mau perante mim e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.” (Is 66.3,4 - Grifo meu). Diante deste texto há o que argumentar? Se o próprio Deus disse que o homem peca porque escolheu o pecado, então eu prefiro crer assim.

Jesus deixou uma ordem clara à sua Igreja: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc 16.15) e um convite a todos que ouvem sua Palavra: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Ap 22.17 - Grifo meu).
Continua...
Na próxima parte dessa série de artigos eu tratarei a fundo, e humildemente, da Doutrina da Eleição.

Bibliografia:

[1]Ciro Sanches Zibordi. Calvinismo ou Arminianismo? (4). Disponível em:
http://cirozibordi.blogspot.com/2007/05/uma-vez-salvo-salvo-para-sempre-parte_24.html. Acesso em 30 de Junho de 2008.
[2]Jorge Pinheiro. A Doutrina da Eleição. Disponível em:
http://www.teologica.br/theo_new/files/DoutrinaEleicaoJorgePinheiro.pdf.
Acesso em 1 de Julho de 2008.

Luciano